A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, anunciou nesta terça-feira a renovação de contrato do técnico Abel Ferreira. O acordo do vitorioso treinador com o atual bicampeão brasileiro iria até dezembro deste ano, mas foi estendido até dezembro de 2025.
Leila anunciou a negociação com o técnico português como uma grande contratação do Palmeiras. “Nosso grande reforço é sempre acreditar os profissionais que estão dando certo”, afirmou a dirigente antes de anunciar a renovação. “Era um grande desejo meu manter o Abel.”
De acordo com a dirigente, Abel Ferreira acredita muito na continuidade do projeto do clube. “É uma grande notícia (a continuidade do técnico). Nosso projeto é continuar forte, sempre lutando pelo maior número de títulos possível. É impossível ganhar tudo, mas queremos ser protagonistas sempre.”
As negociações com o técnico começaram em 2023, quando Abel deu algumas declarações reclamando de cansaço, o que gerou muita especulação sobre uma possível saída. “No ano passado, todos nós estávamos cansados. Foi um Brasileiro histórico e lindo. Foi muito importante para mim”, afirmou a presidente, lembrando que foi bastante criticada por torcedores pelas contratações de reforços, ou falta delas, do ano passado.
Leila ressaltou que o salário não foi uma questão para a estender o contrato. “O Abel não está no Palmeiras por aumento salarial. Ele é bem remunerado, mas ele está conosco não por questões salariais. O que atrai é o nosso projeto. Nossa estrutura e as pessoas que aqui trabalham.”
Em seu último ano de seu primeiro mandato, Leila Pereira afirmou que é candidata à reeleição. “Nosso mandato é extremamente vencedor. Acho que posso dar continuidade por mais um mandato”, afirmou a presidente do clube.
Além da gestão Leila, termina também no final de 2024 os contratos de patrocínio da Crefisa e da FAM. “A Crefisa e a FAM são patrocinadoras desde janeiro de 2015. Antes disso, o Palmeiras vinha há dois anos sem patrocínio. Na época foi muito relevante”, afirmou a dirigente, que também é proprietária das duas empresas.
Para a escolha do novo patrocinador, Leila Pereira afirmou que haverá concorrência e quem oferecer o maior valor será o vencedor. “Mas é preciso ser uma empresa idônea. Semanalmente, recebemos empresas interessadas em patrocinar o Palmeiras, mas sem capacidade. Há muitos aventureiros. Se a Crefisa tiver interesse vai fazer uma proposta, mas quem vai decidir o patrocinador não sou eu. Vou submeter ao COF, nosso conselho de orientação e fiscalização.”
A dirigente defendeu o fim de confidencialidade em determinados contratos no futebol e citou o acordo com a WTorre, construtora do Allianz Parque, como exemplo. “Com o andar da carruagem, vão entregar o Coliseu para gente e sem pagar um centavo. Eu não posso falar sobre isso por causa da tal cláusula de confidencialidade”, criticou. “Vocês não precisam ir a Roma para ver o Coliseu. É só ir até o Allianz.”
Ele também comentou a realização de shows na arena, o que obriga o time a mandar jogos em outros estádios. “Não tem o que fazer, eles têm o direito de locar.”
As declarações da presidente do Palmeiras foram dadas durante uma entrevista coletiva exclusiva para profissionais mulheres. Leila Pereira disse que o objetivo foi usar a força do futebol e da marca Palmeiras para abrir os olhos do mundo.
“Não queremos privilégio, mas oportunidades nesse ambiente que é tão masculino. Eu me sinto solitária. Temos que dar um basta. Ter uma mulher só a frente de um clube na América do Sul não é normal”, afirmou a primeira presidente mulher do Palmeiras, clube fundado em 1914.
“Não vou solucionar o problema do machismo no futebol, mas com a força da nossa marca podemos ser exemplo”, afirmou Leila. “Se houvesse machismo no Palmeiras, eu não teria sido eleita. Acreditaram na minha capacidade.”
Leila disse que o fato de um grande clube eleger uma presidente é uma bandeira. “Venho de uma estrutura machista. O problema não é o gênero, mas a capacidade. Nas minhas empresas, a grande maioria é mulher, mas não porque são mulheres, mas competentes.”
Ela disse que sente na pele essa questão. “Quando o Palmeiras perde, eu sou a responsável, e está certo porque sou a presidente, mas quando é vitorioso é vitorioso apesar da Leila Pereira.”
Leila ressaltou as conquistas de sua administração. “É uma gestão responsável e vitoriosa. Mas lucro do time de futebol são os títulos”, afirmou, acrescentando que o clube não atrasa salários, o que acontece com vários clubes brasileiros. “O Palmeiras é exemplo de gestão e resultados esportivos para o futebol. Quero ser lembrada como a primeira presidente mulher, que administrou de forma responsável e vitoriosa.”
A entrevista estava programada para durar cerca de uma hora, mas a dirigente pediu que não terminasse antes que todas que quisessem fizessem seus questionamentos. “Em duas horas, os jornalistas homens sentiram na pele o que nós sentimos a vida inteira”, encerrou Leila Pereira após quase duas horas de entrevista.
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*Estadão Conteúdos