A Superintendência da Polícia Federal no Amazonas (PF-AM) afirmou que encontrou cerca de 50 garimpeiros ilegais em condições sub-humanas, na área de extração de ouro em um garimpo ilegal em terras da União. Nesta quarta-feira (19), o órgão cumpriu mandados de prisão, em quatro estados, contra o grupo envolvido no esquema e apontado como responsável por contratar os garimpeiros.
A extração ilegal foi identificada em uma área da União conhecida como Filão dos Abacaxis, no sul da cidade de Maués, a 356 km de Manaus.
De acordo com o delegado e coordenador da operação, Adriano Sombra, além do problema ambiental, equipes da PF identificaram garimpeiros em condições sub-humanas.
“Eles não tinham acesso a água potável, nem local pra alimentação e estavam ainda sem equipamentos de proteção individual. Como os garimpeiros estavam usando o cianeto na extração, foi constatado que os trabalhadores estavam se autocontaminando”, detalhou o delegado.
Cianeto é uma substância química que tem a mesma função do mercúrio – usado para aglomerar o ouro garimpado. Os dois produtos agridem o meio ambiente e são altamente tóxicos. Quando poluem os rios, matam os peixes e trazem prejuízos à saúde dos humanos.
Garimpo reativado
Não é a primeira vez que o garimpo em Filão dos Abacaxis recebe acusações sobre trabalho sub-humano. Em 2015, a Polícia Federal identificou 20 trabalhadores em regime análogo à escravidão.
“Em 2015 houve uma operação. Naquela oportunidade, a Polícia Federal, além de prender e desarticular o grupo criminoso, indiciou os responsáveis por trabalho análogo à escravidão. Os trabalhadores lá estavam trabalhando em condições sub-humanas e, inclusive, recentemente eles foram condenados pela 7ª Vara Federal”, relembrou o delegado.
A nova operação da PF no local constatou que o garimpo foi reativado. Por isso, o órgão batizou a operação de Déja Vu.
Segundo o delegado Adriano Sombra, desta vez, o trabalho tem como alvo pessoas ligadas aos esquemas de lavagem de dinheiro, também conhecido como “esquentamento do ouro”.
“Fica constatado que se não atuarmos também na condição da lavagem de capital [dinheiro], a gente não consegue resolver a origem do garimpo ilegal. Por esse motivo, a Polícia Federal estará atuando na investigação da lavagem da atividade conhecida como esquentamento do ouro”, explicou.
Conforme o delegado, o próximo passo é finalizar a investigação e preparar um relatório final, que será apresentado ao Ministério Público Federal (MPF) nas próximas semanas.
Operação Déjà Vu
A Polícia Federal deflagrou a operação Déjà Vu, na manhã desta quarta-feira (19), contra garimpo ilegal após descobrir extração de ouro em terras da União no Amazonas. Os mandados foram cumpridos em quatro estados. Pela primeira vez, a PF identificou o uso de cianeto para a retirada do produto na região.
Conforme informações da PF, foram cumpridos seis mandados de prisão temporária e dez mandados de busca e apreensão, em Manaus e Nova Olinda, no Amazonas; Goiânia, em Goiás; Itaituba, no Pará, e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Os mandados foram expedidos pela pela 7ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Amazonas. “Além dos mandados, foi determinado o bloqueio de bens e valores das pessoas físicas e jurídicas investigadas, tal como o sequestro de bens móveis e imóveis que, eventualmente, estejam em sua posse”, informou a PF.
Ao todo, 46 policiais federais atuam na operação. Segundo a PF, o garimpo ilegal foi destruído com o apoio do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e de policiais da Força Nacional.
A operação foi batizada de Déjà Vu, porque os alvos da ação realizada nesta quarta já foram presos em 2015 pelo mesmo crime, numa outra ação que ficou conhecida como Operação Filão dos Abacaxis em 2015.
Uso de cianeto
A operação Déjà Vu detectou o uso de cianeto na extração do ouro. A substância química, que tem a mesma função do mercúrio, é perigosa para a saúde.
De acordo com o órgão, o dano ambiental, provocado pela extração ilegal e uso do produtos tóxico, já ultrapassa os R$ 429, 6 milhões.
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