A Polícia Federal (PF) deflagrou, nessa segunda-feira (6), uma operação em Nova Olinda do Norte (a 135 quilômetros de Manaus) contra suspeitos de envolvimento no “Massacre do Rio Abacaxis”, que aconteceu em agosto de 2020 e resultou em aproximadamente oito mortes. A PF cumpriu mandados de busca e apressão contra pessoas que teriam supostamente adulterados provas da chacina cometida por PMs. Os mandantes da chacina seriam, segundo as investigações da PF, o ex-secretário de Segurança do Amazonas no governo de Wilson Lima (União Brasil), coronel PM Louismar Bonates e o ex-comandante da Polícia Militar no Amazonas, coronel PM Ayrton Norte.
Os policiais federais realizaram buscas na casa do empresário Manoel Gonçalves de Paiva, e no hotel (Jardim Paiva Hotel) também de propriedade do empresário. Na casa do empresário Manoel Gonçalves Paiva, os agentes encontraram mais de R$ 100 mil em espécie. A investigação traz informações de que o hotel teria sido usado para torturar uma das vítimas e que as imagens das câmeras de segurança teriam sido adulteradas para que não fossem encontradas provas da tortura. Os agentes da Polícia Federal apreenderam todos os HDs dos computadores do hotel e esperam recuperar as imagens.
Segundo a PF, policiais militares são suspeitos de matar cinco pessoas, entre indígenas e ribeirinhos, em agosto de 2020. Além disso, os PMs também são investigados por desaparecer com dois corpos e torturar moradores de comunidades próximas à Nova Olinda do Norte.
Indiciados
Em abril deste ano o ex-secretário de Segurança Pública, coronel Louismar Bonates, e o ex-comandante-geral da Polícia Militar, Ayrton Norte, foram indiciados pela Polícia Federal pelos crimes de tortura e assassinato de cinco pessoas, entre indígenas e ribeirinhos em Nova Olinda do Norte.
Segundo a investigação, o grupo seria responsável pelo desaparecimento de mais duas pessoas. As investigações apontam que os corpos teriam sido jogados no Rio Abacaxis, que corta o município de Nova Olinda do Norte.
O indiciamento de Bonates foi veiculado em rede nacional e, conforme os documentos levantados pelo Jornal Nacional, a PF concluiu que o então secretário da SSP-AM usou o cargo para ordenar e viabilizar uma operação de extermínio, que resultou na chacina, determinando o cometimento de execuções sumárias, torturas e outros crimes hediondos.
De acordo a PF, em julho de 2020, o então secretário do executivo do governo do Amazonas, Saulo Rezende Costa, foi baleado no braço após tentar entrar com uma lancha particular em uma área proibida para pesca esportiva em Nova Olinda do Norte. Dias depois, quatro policiais militares sem qualquer identificação que seriam agentes de segurança do Estado foram até o local na mesma lancha para prender os atiradores, houve confronto e dois policiais morreram.
Essa teria sido a causa para que o então secretário de Segurança e o comandante da PM no Amazonas tivessem orquestrado a matança de pessoas no Rio Abacaxis.
Foto: Divulgação/PF