A médica Bárbara Jinkings subiu ao altar nesse sábado (22) para casar com o engenheiro Filippe Albuquerque, em Manaus. Para quem não conhece a história do casal ou da família, o casamento pode ser visto como mais um dos tantos que acontecem em um fim de semana na capital amazonense. Mas esse não foi um casamento qualquer. Isso porque, a peça usada pela noiva tinha – nada mais nada menos – que 112 anos.
O vestido foi produzido em Bruxelas, em 1910, e é considerado uma herança de família. Ele já foi usado por 24 mulheres, incluindo Bárbara. Ela, inclusive, faz parte da quinta geração consecutiva a usar a peça, tradição essa que começou com a sua tataravó.
“Eu fico até emocionada, né? Porque tem muita história… Minha tataravó, minha bisavó, a minha avó, a minha mãe, todas casaram com o mesmo vestido. E eu estou podendo pegar o mesmo vestido que outras pessoas da minha Família, da minha família direta, primas, tias e dar o meu nome para o vestido. Então isso é muito emocionante”, disse.
Mas nem sempre a ideia de casar com o vestido centenário agradou Bárbara. Ela queria algo que tivesse a sua cara e casar uma peça que muita gente já tinha vestido causava preocupação na noiva.
“Eu sempre disse que eu não ia usar o vestido da família, porque era o vestido velho que as pessoas que eu tinha visto casar com ele. Eu não achei que ficou tão bonita, então queria um negócio diferente. Só que com o passar do tempo e eu fui conhecendo melhor a história do vestido. Foi começando a mudar a minha ideia sobre usar o vestido e o fato de ser uma tradição na família não ia ser a única a não usar”, explicou.
Após conhecer a história do vestido, a médica resolveu usar a peça, mas dando um toque todo especial para que tivesse o seu estilo.
“Apesar de ter vestido mais de 100 anos, ele está a minha cara. Se eu tivesse feito ele do zero, ele não teria ficado mais minha cara do que ele está agora. Então é exatamente isso que eu queria”, disse a nova.
A mãe da noiva, Annik Barbosa, também usou a peça e para guardar as memórias afetivas do vestido resolveu escrever um livro para contar as histórias de quem usou a herança da família.
“Minha bisavó, a minha avó, a minha mãe, eu e agora minha filha. Então nós estamos na quinta geração consecutiva de noivas usando o mesmo vestido. E eu resolvi contar a história, porque todas as mulheres que usaram antes não registraram isso em lugar algum. Então eu resolvi escrever e aí eu fui vendo várias coincidências. A primeira foi por acaso. É que a Bárbara casou no porto flutuante onde onde o vestido chegou, e ela também subiu ao altar no dia 22 de julho. Minha bisavó, tataravô dela, casou no dia 20 de julho”, contou.
Mais do que uma relíquia ou uma herança, a família encontrou no vestido um ponto de encontro e algo que faz questão de manter sob a guarda de todos para as futuras gerações.
“Antes as mulheres da família se reuniam para tecer e aí ficavam conversando. Hoje já não é mais assim, mas o vestido ainda é motivo de reunir mãe, filha, filha com amigas, e acaba sempre tendo assim essa essência de união, de família, de conservar, de preservar, de manter. São verbos que a gente quase não usa mais na nossa vida de hoje em dia”, finalizou a mãe da noiva.
*G1 Amazonas