Renato Cariani diz em vídeo que mensagens sobre ‘fugir da polícia’ e ‘esperar estes vermes’ eram apenas desabafo entre sócios

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O influenciador fitness Renato Cariani, investigado pela Polícia Federal por suspeita de participar de um esquema de desvio de produtos químicos para o narcotráfico, comentou em um vídeo em seu canal no YouTube nesta quinta-feira (14) sobre troca de mensagens entre ele e a sócia que foram interceptadas pela PF.

  • Na conversa, segundo a Polícia Federal, Cariani disse que poderia trabalhar no feriado para “arrumar de vez a casa e fugir da Polícia” (veja abaixo);
  • “Também precisamos arrumar o mapa da Civil, vão vir babando!”, escreveu;
  • Cariani finaliza dizendo: “Arrumar tudo pra esperar estes vermes“.

Segundo Renato, que é sócio da indústria química Andriol, empresa alvo da Operação Hinsberg, o diálogo não passou de um “desabafo de dois sócios”.

“Quem tem empresa, sabe o que é ser empresário no Brasil”, afirmou no vídeo.

Segundo o influenciador, a troca de mensagens aconteceu há quase 10 anos. “Provavelmente, na semana seguinte, nós teríamos uma fiscalização, uma auditoria do meio ambiente da Polícia Civil, que anualmente vai em indústrias fazer uma auditoria e renovar tua licença ambiental”, contou.

Sobre a menção a produtos vencidos, ele diz no vídeo: “O estoque que ainda possui produtos vencidos, o que eu quero dizer com isso? Existe uma área no estoque que é destinada para produtos que ultrapassaram a validade em estoque. Em especial, produtos químicos você tem que dar um destino adequado para isso”.

“Por que eu estou falando aquilo? Porque, no final de semana, nós vamos fazer uma segunda auditoria, um double check, ser rigorosos para que, na auditoria, nós não tenhamos nenhum tipo de punição. Entenderam? Por exemplo, ninguém foi no mercado, de repente, achou um produto vencido? Isso é uma falha humana. Nós estávamos ali pensando em evitar falha humana”, completou.

Cariani ainda pede desculpas por ter se referido às autoridades como “vermes”. “Se esse print realmente é verídico, eu usei um termo totalmente inapropriado. Mas, gente, é uma conversa com dois sócios, é um desabafo. Às vezes, sem querer, você xinga um fiscal, você xinga um cliente, um fornecedor”, disse.

“Era só um desabafo, porque é algo extremamente estressante. Passar por uma auditoria, organizar todos os dias, manter a sistemática todos os dias, colocar na mente dos funcionários a cultura, é algo desgastante.”

Entenda a operação

A Polícia Federal iniciou, na manhã de terça-feira (12), a Operação Hinsberg contra o tráfico de drogas e o desvio de um produto químico usado na produção de crack. Segundo investigadores, o principal alvo é a Anidrol, indústria química que fica na Grande São Paulo e tem como sócio Renato Cariani.

O influenciador, que tem mais de 7 milhões de seguidores, também é alvo de buscas. O Ministério Público e a PF chegaram a pedir a prisão dele e de mais duas pessoas, mas a Justiça negou.

O influencer afirmou, em vídeo divulgado nesta terça, ter sido surpreendido pela operação da PF.

Fontes da PF disseram à GloboNews que, mesmo chamado pela Receita Federal para dar esclarecimentos sobre as notas emitidas pela empresa, os agentes observaram que as notas falsas continuaram a ser emitidas.

Em outra troca de mensagens, de acordo com uma representação do Ministério Público de São Paulo, a sócia disse a Cariani que era possível retirar rótulos dos produtos para ludibriar a fiscalização e as investigações.

Cariani afirmou, em suas redes sociais, ter sido surpreendido com a operação e que sua empresa é toda “regulada”

Oscar Hinsberg que deu nome à operação, foi um químico que percebeu a possibilidade de converter compostos químicos em fenacetina. Essa substância foi o principal insumo químico desviado, apontou a investigação.

O que dizem os alvos

Pelas redes sociais, o influenciador negou envolvimento no esquema e disse que foi surpreendido pela operação da PF. Ele também afirmou que seus advogados ainda não tiveram acesso ao processo.

“Fui surpreendido com um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei, porque ele corre em “processo de justiça” [sic]. Então, meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver esse processo e, aí sim, eu vou entender o que consta nessa investigação”, afirmou.

Na mensagem, ele defende a empresa da qual é sócio.

“Eu sofri busca e apreensão porque eu sou um dos sócios, então, todos os sócios sofreram busca e apreensão. Essa empresa, uma das empresas que eu sou sócio, está sofrendo a investigação, ela foi fundada em 1981. Então, tem mais de 40 anos de história. É uma empresa linda, onde a minha sócia, com 71 anos de idade, é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa, uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças, tem todas as certificações nacionais e internacionais. Uma empresa que trabalha toda regulada. Então, para mim, para a minha sócia, para todas as pessoas, foi uma surpresa”, completou.

A operação

Ao todo, são cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, sendo 16 em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Paraná.

Outro suspeito é Fabio Spínola Mota, que já foi preso por envolvimento nesse tipo de crime em operação da PF no Paraná. Na casa dele foram encontrados mais de R$ 100 mil em espécie. De acordo com a PF, ele seria o intermediador entre a indústria química e os produtores da droga.

g1 tentou contato com a defesa de Fábio, mas, até a última atualização desta reportagem, não recebeu resposta.

O grupo é suspeito de desviar toneladas de um produto químico para produzir entre 12 e 16 toneladas de crack.

A operação é realizada em conjunto com Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO do MPSP) de São Paulo e a Receita Federal.

Histórico

A investigação começou em 2022, depois que uma empresa farmacêutica multinacional avisou a PF de que havia sido notificada pela Receita Federal sobre notas fiscais faturadas em nome dela com pagamento em dinheiro não declaradas.

A farmacêutica afirmou que nunca fez a aquisição do produto, que não tinha esses fornecedores e desconhecia os depositantes.

A partir de tais informações, a Polícia Federal iniciou a investigação e identificou que entre 2014 e 2021 o grupo emitiu e faturou notas em nome de três empresas grandes de forma fraudulenta: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica.

A PF pediu prisão dos envolvidos, o Ministério Público foi favorável, mas a Justiça negou.

 Foto: Reprodução

*g1

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