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Seca impede navegação, isola cidades e gera desafios a moradores no AM

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Donos de embarcações que transportam passageiros das cidades de Urucará e São Sebastião do Uatumã para a cidade Itapiranga, na Região Metropolitana de Manaus, suspenderam as atividades temporariamente em razão da seca dos rios. Alguns trechos por onde passam as embarcações se transformaram em areal e lamaçal.

No Amazonas, os 62 municípios estão em situação de emergência por conta dos efeitos da estiagem. Segundo o governo estadual, até o momento, 801.557 pessoas são afetadas.

Urucará, que tem 18.631 habitantes (IBGE), e São Sebastião do Uatumã, que tem 11.670 pessoas, são banhados pelo Rio Uatumã, um afluente da margem esquerda do Rio Amazonas. Os municípios não têm estradas que os interliguem a Manaus, por isso, moradores dessas cidades têm que viajar de lancha até Itapiranga e, de lá, seguir de táxi pelas rodovias AM-363 e AM-010. O transporte de mercadorias também é feito através de embarcações maiores.

O acesso a Itapiranga pode ocorrer pelos dois rios que banham o município: Urubu e Uatumã. O Rio Urubu é o mais usado pelas empresas de navegação em razão do tempo de viagem.

Com a severa estiagem na região, trechos do Rio Urubu ficaram inavegáveis. Na Ilha do Rosório, nas proximidades da cidade uatumaense, o leito do rio secou e o local se transformou em um areal. O fotógrafo Júnior Marinho registrou imagens aéreas no dia 4 deste mês.

Júnior relata que, no dia em que ele esteve nesse trecho, os passageiros desceram da embarcação e caminharam por cerca 500 metros até o trecho navegável. Para continuar a viagem, funcionários da empresa tiveram que empurrar a lancha sobre as águas rasas.

De acordo com Júnior, para não interromper a viagem entre as duas cidades, donos de lanchas pequenas têm usado duas embarcações, uma que leva os passageiros até o trecho seco e outra que busca os passageiros do outro lado do areal e os transporta até Itapiranga.

Outras empresas, no entanto, decidiram suspender os serviços temporariamente. É o caso da empresa Brito Transporte de Passageiros, que tem embarcações maiores, com 45 e 50 lugares. “No trecho do Rosório] tivemos que arrastar a lancha, por isso, paramos. Não era justo com os funcionários deixá-los fazer tanta força, colocando em risco a saúde deles”, disse a empresária Nereudes Brito.

A empresa decidiu realizar viagens apenas para a cidade de Parintins (AM), cujo trajeto é diferente. Parintins fica mais distante de Manaus, cerca de 369 quilômetros.

Uma rota alternativa às embarcações que transportam passageiros à Itapiranga é o lago Madrubá, cujo acesso se dá pelo Rio Uatumã. O lago, no entanto, secou tanto que alguns trechos se transformaram em lamaçal. Nem canoas conseguem mais navegar nos filetes de água que restaram.

Isolamento

Para driblar o isolamento, donos de veículos têm usado uma estrada de barro que liga São Sebastião do Uatumã a Itapiranga. Essa estrada existe há muitos anos, mas é pouco utilizada, pois no inverno se transforma em lamaçal e fica alagada.

Para realizar essa rota, os veículos são transportados de balsa até um porto improvisado às margens do Rio Uatumã. Os carros precisam da ajuda de um trator para subir a margem. Nesse ponto, tratores realizaram terraplanagem para diminuir as dificuldades de quem trafega.

O autônomo Jonas Santos, que saiu de Urucará na terça-feira (8), relatou que a viagem por essa estrada até Itapiranga durou uma hora. Ele publicou vídeos que mostram a situação. Segundo Jonas, apesar de a estrada não ser asfaltada, os veículos conseguem trafegar com segurança até a cidade de Itapiranga.

O deslocamento é cansativo e estressante. Mas não há outra opção. Extremamente dependentes dos rios no Amazonas, comunidades ribeirinhas enfrentam a seca com os recursos que dispõem. O instinto de sobrevivência supera os obstáculos e desafios da natureza selvagem.

Carros usam porto improvisado para chegar a Itapiranga (Foto: Reprodução)

Foto: Reprodução/Jr. Marinho/ AM Atual

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