O Amazonas tem a segunda maior reserva de gás natural do país, atrás apenas do Rio de Janeiro, que explora o minério no mar. Segundo o secretário de Estado de Energia, Mineração e Gás, Ronney César Campos Peixoto, o segmento tem sido uma alternativa econômica sólida ao estado amazonense, com novas descobertas e investimentos.
O estado amazonense tem 10,4% das reservas de gás do país, segundo o Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2023, da ANP (Agência Nacional do Petróleo). O Rio de Janeiro, 62,8%; São Paulo e Maranhão, 7,3% cada.
Mesmo com a expansão do segmento no estado, neste ano é a primeira vez que o estado promove evento para reunir as companhias e discutir sobre as perspectivas do segmento para os próximos anos. A conferência “Amazonas Óleo, Gás e Energia 2024”, que começou nesta quinta-feira (7), termina nesta sexta no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques, na zona centro-sul de Manaus.
Representantes das empresas que produzem ou que estudam poços de petróleo no estado vão debater sobre petróleo, gás e energia. Entre as companhias participantes estão a Petrobras, que atua em Coari; a Eneva, que explora em Silves e Itapiranga, e o Grupo Atem, que entra no ramo com projeto de produção em São Sebastião do Uatumã.
“As discussões são sempre com objetivo de termos um caminho melhor para as ações”, afirmou Ronney Peixoto, na abertura da conferência, na manhã desta quinta-feira. Representantes da ANP, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e do Sebrae também vão apresentar propostas para o setor.
“Claro que é muito difícil você encontrar algo que substitua a pujança que nós temos no Polo Industrial de Manaus. São 500 empresas que movem a economia do nosso estado. No entanto, a energia e o gás tem que ser colocado como uma alternativa econômica sólida. Eventos como esse consolidam ainda mais esse propósito de transformar energia e gás como uma matriz econômica pujante para o nosso estado”, afirmou Ronney Peixoto.
Nos últimos anos, o mercado de gás no Amazonas tem crescido, principalmente com o início da operação no Campo do Azulão, entre Silves e Itapiranga, pela Eneva. O gás extraído na Bacia do Amazonas abastece usinas termelétricas em Roraima, único estado brasileiro que não é interligado ao SIN (Sistema Interligado Nacional).
Recentemente, dois anúncios também movimentaram o segmento. Em dezembro de 2023, o consórcio formado por Eneva (80%) e Atem (20%) arrematou a área de acumulação marginal de Japiim, em São Sebastião do Uatumã e Urucará, na Bacia do Amazonas. As empresas vão estudar a viabilidade de explorar o gás natural naquela região.
Em fevereiro deste ano, a Eneva anunciou a declaração de comercialidade do Campo de Tambaqui e Azulão Oeste, ambas na Bacia do Amazonas. A companhia vai apresentar à ANP (Agência Nacional do Petróleo) os planos de desenvolvimento dos campos, que detalham as atividades a serem realizadas para monetizar as descobertas comerciais.
“Isso é uma demonstração dessa atração que é hoje o estado do Amazonas. Isso é importante para quem vive aqui, para fazer a diversificação da cadeia, dos empregos e, acima de tudo, priorizar a atividade econômica”, afirmou o vice-governador Tadeu de Souza.
O governo estadual espera que o Amazonas seja contemplado com o novo leilão que será anunciado pela ANP. “A gente espera que nesse leilão o Amazonas possa ter outros blocos arrematados”, disse o secretário Ronney Peixoto.
Gás natural
A nova lei do gás, aprovada pela Assembleia Legislativa do Amazonas em 2021, foi apontada como fator relevante do avanço do segmento no estado. A norma quebrou o monopólio do gás no estado, mantido há dezenas de anos pela Cigás (Companhia de Gás do Amazonas). Ela viabilizou a entrada de novas empresas no setor, sem prejudicar a empresa na qual o estado tem participação.
De acordo com o diretor-presidente da Cigás, Heraldo Beleza da Câmara, atualmente, em Manaus, 60% das usinas termelétricas são abastecidas por gás.
“As termelétricas eram movidas a óleo. Com isso, carretas e mais carretas andavam na cidade para abastecer as termelétricas. Com o gás, elas se converteram e passaram a produzir energia através do gás. Hoje, essas termelétricas nós atendemos com gás e 60% da energia que hoje nós produzimos na cidade advém da queima do gás”, disse Câmara.
No interior, termelétricas de cinco municípios também são abastecida com gás natural. Essas cidades estão na rota do gasoduto Coari-Manaus.
A Cigás tem expectativa de ampliar o comércio do gás natural no interior do estado, com a instalação de postos de GNV (Gás Natural Veicular). “Hoje os motoristas não vão (para o interior) porque não têm autonomia. Então, nós vamos botar postes em lugares específicos para diversificar, para potencializar o setor”, afirmou Câmara.
Foto: Divulgação/ *Agência Brasil