A polícia espanhola informou nesta terça-feira (23) que deteve quatro pessoas suspeitas ligadas ao boneco que representava o atacante Vinícius Jr. enforcado sob uma ponte de Madri, capital da Espanha, em janeiro de 2023.
Os outros três detidos são suspeitos de proferir insultos racistas contra o jogador do Real Madrid durante a partida da LaLiga no domingo (21).
Uma investigação de crime de ódio foi aberta depois que o boneco – esticado em uma corda e com a camisa 20 do jogador brasileiro – foi pendurado em frente ao campo de treinamento do Real Madrid. Uma faixa estava grudada ao boneco, com a seguinte inscrição: “Madrid odeia o Real”.
A prisão ocorreu por volta das sete da manhã. Segundo a polícia, três dos detidos são integrantes da Frente Atlética, organizada do Atlético de Madrid. Todos os detidos são espanhóis e têm 19, 21, 23 e 24 anos.
Um dos detidos tem passagem por crime de lesão corporal, segundo a polícia local.
Presos por insultos raciais no domingo
“A polícia deteve três jovens em Valência por comportamentos racistas ocorridos no domingo passado no jogo entre Valencia CF e Real Madrid”, informou a Polícia Nacional, que abriu uma investigação após os acontecimentos que provocaram uma onda de indignação, na Espanha e no exterior.
Os torcedores foram identificados pela direção do Valencia, segundo informou o clube, e detidos em suas residências, na cidade do sudeste da Espanha, a terceira maior do país.
Em comunicado, o Valencia disse que está cooperando com a polícia para “eliminar o racismo no Mestalla”, e que está buscando identificar mais torcedores.
“O clube reitera sua condenação mais enérgica e sua posição enfática contra o raciscmo e a violência em todas as suas formas e atuará com a mesma contundência com todas as pessoas identificadas, aplicando sua medida mais severa: os expulsando do estádio pelo resto da vida”, diz o comunicado.
Na nota, o clube nega ainda que todo o estádio tenha proferido insultos racistas e disse que “houve muita confusão e desinformação nos últimos dias”. “Não podemos tachar o Valencianismo como uma torcida racista. Não é verdade, pedimos respeito”.
Vinicius Jr. jogava pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol, contra o Valencia, quando o jogo foi interrompido no segundo tempo após uma parte da torcida do time adversário chamá-lo de “macaco”.
Durante a partida, o atacante brasileiro apontou os torcedores que o insultavam, levando o jogo a uma pausa de 10 minutos, e depois se envolveu em uma briga com os jogadores do Valencia que o levou à expulsão no segundo tempo. O Real Madrid perdeu o jogo por 1 a 0.
Ao menos 10 ataques racistas
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga”.
Esta foi a manifestação de Vinícius Jr. no domingo (21/5) após ser novamente algo de ataques racistas em um jogo da La Liga, o campeonato espanhol, desta vez em um jogo entre seu clube, o Real Madrid, e o Valencia.
Antes e durante a partida, a torcida do Valencia cantou músicas em que chama Vini de “macaco”. Durante a partida, ele se dirigiu a torcedores do Valencia que o estavam xingando.
A partida foi interrompida por alguns minutos pelo árbitro e o sistema de som do estádio transmitiu um pedido para que os torcedores evitassem xingamentos racistas.
Após o jogo, houve uma troca de críticas entre Vinícius Junior e o presidente da La Liga (o campeonato espanhol), Javier Tebas, nas redes sociais.
O Real Madrid informou que está pedindo que as autoridades espanholas investiguem o caso. E o Valencia prometeu expulsar para sempre de seu estádio os torcedores que proferiram insultos racistas.
Este foi o décimo episódio noticiado como racismo contra Vinícius Junior na Espanha. E esse levantamento mostra que os episódios de racismo contra o jogador estão se intensificando: houve um caso em 2021, três em 2022 e seis neste ano.
Vinícius Junior acusa a La Liga de ser conivente com o racismo. Já a entidade espanhola diz que não tem autoridade para punir clubes ou jogadores — e que encaminha todos os casos para as autoridades espanholas.
Até agora, as punições se restringiram a multas e suspensões temporárias de torcedores.
Foto: José Jordan/AFP
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