O STF (Supremo Tribunal Federal) interrogará nesta segunda-feira (21), os cinco réus acusados de serem os mandantes da morte da vereadora Marielle Franco.
O interrogatório será por videoconferência e dentro do processo que investiga os assassinatos da ex-vereadora e do motorista dela, Anderson Gomes, em 2018.
Serão ouvidos o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ); o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão; o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa; o major Ronald Paulo Pereira; e o policial militar Robson Calixto Fonseca.
Em agosto, na primeira rodada de depoimentos, a jornalista Fernanda Chaves, que trabalhava como assessora da vereadora e estava no mesmo carro no dia do crime, afirmou que não foi atingida pelos disparos de arma de fogo porque Marielle foi o “escudo” dela.
Durante a audiência, a ex-assessora da vereadora também falou dos momentos que antecederam os disparos que mataram Marielle e Anderson.
“Ele [Anderson] estava desacelerando para pegar um sinal. Alguma coisa que o carro estava bem devagar. O Anderson era uma pessoa que dirigia muito suave, então não tinha muito solavanco, ele geralmente estava devagar. E num determinado momento, eu senti a rajada, rajada de tiros, muito curta. Era muito perceptível para mim, embora eu estivesse olhando para baixo, que aquilo era uma coisa que vinha de perto, era uma coisa próxima. Mas, enfim, eu no primeiro momento, eu me encolhi, me abaixei. Eu me enrolei, me abaixei, percebi o corpo da Marielle, eu estava muito próxima a ela, então eu percebi um pouco o peso do corpo, eu estava no chão, mas eu percebia um pouco o peso dela vindo para cima de mim”, disse.
Análise do STF
Em junho, por unanimidade, a Primeira Turma do STF tornou réus os cinco principais suspeitos de terem planejado o assassinato de Marielle.
Prevaleceu o voto do relator da ação, ministro Alexandre de Moraes. Ele disse haver vários indícios de elementos que solidificam as afirmações feitas na delação premiada de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora. Moraes apontou que a denúncia está fundamentada em diversos materiais investigativos que comprovam as informações apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
De acordo com Lessa, o crime seria uma vingança contra o ex-deputado estadual Marcelo Freixo, para quem Marielle trabalhou como assessora.
No relato, Lessa disse ainda que Marielle era uma “pedra no caminho” dos irmãos Brazão. “Foi feita a proposta, a Marielle foi colocada como uma pedra no caminho. O Domingos, por exemplo, não tem ‘papas na língua’”, afirmou Lessa aos investigadores. Além disso, de acordo com o policial, o plano para matar Marielle teve início em setembro de 2017.
*R7/Foto: Renan Olaz/CMRJ