O homem de 61 anos apontado como o principal suspeito de matar o catador de recicláveis, Rafael Silva, de 25 anos, é um ex-policial militar que atuava como vigia no lixão de Bongaba, em Magé, na Baixada Fluminense.
Expulso da Polícia Militar nos anos 1990, Marco Antônio de França Liborio, o “França”, tem anotações criminais por tentativa de homicídio e uso de documento falso, de acordo com informações do Disque Denúncia.
Atualmente, França estava sendo monitorado por tornozeleira eletrônica após ser preso por receptação. Porém, a polícia acredita que ele tenha arrancado o lacre antes de fugir, já que o equipamento não emite sinais desde a madrugada do dia 9.
Uma ordem de prisão temporária foi decretada pela Justiça. A DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense) esteve na casa do suspeito e cumpriu mandados de busca e apreensão.
Crime ocorreu após cobrança de taxa ilegal
Testemunhas disseram que o vigia disparou contra a vítima após uma discussão causada pela cobrança de uma taxa ilegal para permitir o trabalho no lixão de Bongaba.
De acordo com as investigações, Rafael já teria pago a quantia exigida para outro segurança no início do turno e se recusado a acertar novamente o valor da diária — entre R$ 50 e R$ 60.
Segundo relatos, França atirou contra Rafael e o derrubou no chão. Em seguida, deu mais três tiros.
Sangue em trator
A família procurava por Rafael desde o último dia 2. Parentes e amigos fizeram um protesto que interditou a rodovia Rio-Magé para pedir investigações sobre o caso. Durante as buscas pelo jovem, a polícia apreendeu um trator com marcas de sangue no lixão.
Corpo encontrado em ribanceira
No entanto, o corpo estava a cerca de 20 km do local, na última quarta-feira (9). A vítima foi localizada em uma ribanceira ao lado da estrada Velha da Estrela (RJ-107), no trecho que liga Piabetá, na Baixada Fluminense, a Petrópolis, na região serrana.
O delegado titular da DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense), André Cavalcante, revelou em entrevista ao Balanço Geral RJ que a tornozeleira eletrônica ajudou a monitorar os passos do suspeito. Ao mesmo tempo, uma denúncia anônima levou agentes da 66ª DP (Piabetá) ao local.
“Com os dados do monitoramento eletrônico, a gente pôde perceber que, de fato, o deslocamento dele [suspeito] após o crime foi justamente em direção ao local em que o corpo foi encontrado. Então, a gente tem uma prova técnica que corrobora com a prova testemunhal, que aponta o envolvimento do Marco Antônio nesse crime”, detalhou.
Vigia não poderia estar armado
De acordo com o delegado, o suspeito era contratado por uma empresa terceirizada que presta serviços à Prefeitura de Magé, mas não tinha autorização para portar arma de fogo, apesar de testemunhas terem visto o homem armado no local. Questionado se França poderia atuar como vigia, Cavalcante disse não haver, até o momento, algo que indique ilegalidade.
Marco Antônio agiu sozinho?
A investigação também apura se Marco Antônio agiu sozinho na morte de Rafael. Testemunhas teriam visto a participação de outras pessoas na ocultação do corpo, mas a Polícia Civil ainda não confirma.
“Esse é um dos pontos ainda em aberto na investigação que a gente quer esclarecer: a eventual participação de outras pessoas tanto no homicídio quanto na ocultação de cadáver. São vários aspectos que a gente tem que valorar de forma técnica para trazer ao nosso inquérito, elementos que apontem a participação ou não de outras pessoas no crime”, explicou o delegado da DHBF.
*R7/Foto: Divulgação / Disque Denúncia