Três meses após acidente, Luísa Baptista tem alta prevista da UTI, sonha com bi do Pan e pede justiça

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Em recuperação do grave acidente sofrido em dezembro de 2023, a triatleta Luísa Baptista deu sua primeira entrevista, em reportagem que foi ao ar no Fantástico neste domingo. A atleta, que tem alta da UTI prevista para esta segunda-feira, falou sobre sua vontade de voltar a competir e pediu justiça, assim como seus familiares.

O motociclista que atropelou Luísa não tinha habilitação e havia ido a uma festa com bebida liberada na noite anterior.

O quadro de Luísa tem apresentado melhoras sucessivas desde seu acidente, em 23 de dezembro do ano passado, em estrada em São Carlos (SP). A atleta voltou a falar 60 dias após o atropelamento e começou a andar novamente no início de março. Motivada a voltar ao esporte, ela sabe que as Olimpíadas de Paris não são mais uma possibilidade, mas quer treinar para conquistar o ouro no Pan, em Lima, em 2027.

– Eu não vejo a hora de voltar. Vou voltar com toda a força, com toda a certeza do mundo. Sou privilegiada por ter sobrevivido ao acidente. Eu ressuscitei praticamente, então sou muito grata. Me vejo nas Olimpíadas daqui a quatro anos. Sei que Paris está muito cedo ainda, quem sabe em Lima eu consiga ser bicampeã pan-americana. Essa é a meta para mim – disse, confiante.

O pulmão artificial e a cardiologista que salvaram Luísa

Na reportagem do Fantástico deste domingo, a família da triatleta contou como foram as primeiras horas depois do acidente. Os médicos chegaram a preparar os parentes de Luísa para o pior cenário.

– Eles disseram: “O caso da Luísa é muito além do grave, se preparem para perder a sua filha”. Aí eu desabei na hora – lembrou o irmão dela, Vitor Baptista.

O quadro de Luísa era gravíssimo. Com choque hemorrágico grave, seu coração chegou a parar por oito minutos. Ela sofreu fraturas pelo lado direito do corpo, algumas delas expostas, e teve o pulmão perfurado pelas costelas. Ainda assim, ela lentamente conseguiu a recuperação, passo a passo.

Na primeira etapa, o ECMO, aparelho que funciona como um pulmão artificial, foi decisivo. A campeã pan-americana precisou dele por cinco dias. A triatleta teve acesso ao ECMO – que não estava disponível pelo Sistema Único de Saúde – graças à ajuda da cardiologista Ludhmila Hajjar, que viu uma reportagem sobre o acidente de Luísa e entrou em contato com a família.

– Eu parei tudo que estava fazendo, não quis mais saber do Natal. O meu foco naquele dia era encontrar a Luísa e ajudar. Diziam para mim e para a família: “Olha, ela não vai acordar. Ela não vai recuperar a força desse lado”. E eu dizia: “Ela vai ficar boa”, eu tinha certeza – contou a médica.

Luísa voltou andar no último mês e entrou em nova etapa da reabilitação. A atleta faz três sessões de fisioterapia por dia e emocionou os profissionais do hospital. Ludhmila Hajjar destaca que a presença constante da família foi fundamental para a recuperação da atleta.

Motorista poderia estar alcoolizado

Nayn José Sales, o motociclista sem habilitação que atropelou Luísa, havia ido a uma festa com bebida liberada no dia anterior. No entanto, ele disse ao Fantástico que não havia ingerido álcool. Nayn José afirmou que não se lembra do momento da colisão, por volta das 8h do dia 23, mas garantiu que estava a caminho do trabalho.

O Fantástico teve acesso à única câmera que mostra Luísa passando pela rodovia, a 350 metros do local do acidente. O vídeo não registra a moto, o que, segundo a defesa da vítima, reforça a hipótese de que o motociclista estaria no sentido contrário e teria invadido a outra faixa, atropelando a ciclista na contramão.

– A nossa vida está parada, enquanto ele está solto vivendo a vida dele – disse Jaqueline Duarte, mãe da atleta.

– Poucas pessoas que eu conheço vão para festas com ‘open bar’ para não tomar bebida alcóolica, mas isso só o tempo vai falar para a gente – acrescentou o irmão de Luísa.

Os laudos da perícia ainda não estão concluídos. De acordo com o delegado Caio Iberê, o motociclista inicialmente responde por lesão corporal, mas a tipificação pode mudar para tentativa de homicídio.

Luísa também pede que seja feita justiça.

– Desculpa, moço, mas você tem que ser penalizado, porque infelizmente é muito sofrimento para quem passa pela situação que você provocou.

Fonte: Globo Esporte/Foto: Reprodução/Fantástico

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