O vice-primeiro ministro do Reino Unido, Dominic Raab, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (21/4), depois que um relatório independente determinou que ele cometeu assédio moral contra funcionários. A baixa no governo é considerada um revés significativo para o premiê, Rishi Sunak, de quem Raab era um aliado próximo.
A carta de renúncia foi compartilhada pelo ministro nas redes sociais. Antes de assumir a função de vice-chefe de governo, ele comandou a pasta da Justiça. Membros do gabinete dele à época descreveram uma “cultura do medo”, em um serviço dirigido por um homem “mal-educado” e “agressivo”, que agia de maneira “degradante”.
Na carta de demissão, o ex-ministro escreveu que pediu a investigação e “prometeu renunciar caso os fatos de assédio fossem confirmados, quaisquer que fossem. Acho importante respeitar minha palavra”, escreveu.
O ex-ministro criticou ainda os parâmetros da investigação, “ao estabelecer um limite tão baixo para assédio, a investigação estabelece um precedente perigoso” no trabalho do governo, criticou.
Ele também defendeu que “os ministros devem poder criticar diretamente” o trabalho dos altos funcionários, mas reconheceu que “é claro que isso deve ser feito dentro de limites razoáveis”.
Denúncias
A investigação começou após oito denúncias sobre seu comportamento quando foi ministro das Relações Exteriores e ministro do Brexit, assim como durante uma passagem anterior pelo Ministério da Justiça.
Em novembro do ano passado, a mídia britânica noticiou que vários funcionários do antigo gabinete cogitaram pedir demissão após o anúncio de retorno do chefe da pasta.
Raab sempre negou essas acusações, que atraíram críticas generalizadas da oposição.
O relatório, que foi entregue ao primeiro-ministro na quinta-feira e ainda não foi tornado público, “rejeitou todas as queixas, exceto duas”, disse o ministro em sua carta, insistindo que ainda as considera “falsas”.
Segundo o The Guardian, funcionários do ministério afirmaram que a volta dele, após a demissão durante a rápida gestão de Liz Truss, seria motivo de angústia para muitos. Alguns cogitaram, inclusive, pedir demissão.
Uma reportagem do tabloide The Sun revelou ainda que Raab atirou tomates na parede em um ataque de raiva durante uma reunião.
Baixas no governo
Raab é o terceiro ministro a deixar o Executivo de Sunak após várias acusações contra membros do primeiro escalão do governo britânico.
A sucessão de denúncias ofusca a promessa do primeiro-ministro conservador, que liderou uma onda de demissões durante a gestão de Boris Johnson, e prometeu, ao assumir, que iria mostrar um pouco mais de “integridade, profissionalismo e responsabilidade” no poder.
*Metrópoles