Nos últimos dois anos, o painel de indicadores de mortes violentas da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) revelou que cerca de 400 crimes (homicídios, latrocínios, morte por intervenção de agentes do Estado e lesão corporal seguida de morte) ocorreram nos municípios de Novo Airão, Itacoatiara, Iranduba, Careiro Castanho, Careiro da Várzea, Rio Preto da Eva, Autazes, Itapiranga, Presidente Figueiredo, Silves, Manacapuru e Manicoré, devido ao avanço de grandes organizações criminosas no interior do Estado.
Os dados revelam que os cinco municípios com maior incidência desses crimes são Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo.
De acordo com agentes que atuam nas forças de segurança do Amazonas, o principal motivo desses crimes e também do aumento de tráfico de drogas nessas regiões seria a proximidade das facções criminosas aos rios de municípios, com o objetivo de escoar entorpecentes para a capital amazonense, e consequentemente, para outros estados brasileiros e países.
Falha do Estado?
Para a mestre em segurança pública Goreth Rubim, as organizações criminosas estão realizando essas expansões de criminalidade para os interiores por conta da deficiência de atuação do Estado.“Sabemos que no interior a marginalização é maior, a falta de emprego, educação, saneamento básico e acesso à saúde são precárias, assim, os criminosos se aproveitam dessas condições para expandir a venda de entorpecentes e também o comando de suas respectivas organizações”, afirmou a especialista.
Rubim explica que essa gama de problemas produz medo na população, que não realiza denúncias e por consequência aumento da criminalidade em alguns municípios fica elevado.“Os locais com mais incidência de roubos, furtos, homicídios e tráfico de drogas sempre são as regiões periféricas, ou seja, os mais distantes, onde a população pobre normalmente está em maior incidência. Nesses locais, que o Estado não está presente é onde as organizações criminosas acabam ganhando força e crescimento”, disse a mestre em segurança pública.
Ele também ressaltou que neste locais existe a figura do traficante ou criminoso assistencialista, que paga o gás de cozinha para vizinhos, que doa dinheiro para a compra de medicamentos e aproveita-se de uma deficiência para expandir ilicitudes.
Números
Nos últimos cinco anos, as forças de segurança do Amazonas apreenderam 110 toneladas de drogas no Estado, sendo que no ano passado foram apreendidos 26 toneladas de entorpecentes e em menos de dois meses, a Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) apreendeu cerca de 8,5 toneladas de drogas, em operações deflagradas pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) e ações da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) para combater o tráfico de drogas na capital e interior do estado.
Operação em Rio Preto da Eva
No último dia 23 de fevereiro, 29 pessoas foram presas, armas foram apreendidas, munições, drogas, dinheiro em espécie e aparelhos celulares na “Operação Impacto/Ação Rio Preto da Eva”, para coibir o avanço de duas organizações criminosas com atuação no Rio de Janeiro e São Paulo que disputam território em Rio Preto da Eva, que é um dos municípios com a problemática do aumento de facções criminosas no Estado.
“Monitoramos e tentamos identificar as estruturas organizacionais dos grupos criminosos, que culminou na expedição de 45 mandados de prisão e 43 de busca e apreensão. Todo esse trabalho é fruto de uma integração da PC-AM com a PMAM, nas diligências, da integração da Polícia Civil com o Poder Judiciário e o Ministério Público do Amazonas (MPAM)”, disse o delegado Henrique Brasil.
Mortes elucidadas
Ainda conforme o delegado Henrique Brasil, cerca de cinco mortes foram elucidadas com as prisões de alguns criminosos.
“Recuperamos a faca utilizada em um esquartejamento que foi amplamente divulgado nas redes sociais e na televisão na semana passada. Nós conseguimos prender duas pessoas envolvidas neste homicídio e também uma pessoa que foi quem realizou um disparo contra uma viatura da Polícia Militar na semana passada”, destacou.
O delegado acrescenta que as prisões que foram realizadas são efetivas para os crimes que estavam ocorrendo no município.
Foto: Divulgação/ *A crítica
