“Espero te ver de novo” – foi tudo que ele me falou quando me deixou na porta de casa.
Nossa, realmente aquele foi um dia muito cansativo, cheio de picos de estresse e adrenalina a cada telefonema que eu atendia. Sou atendente de call center e todo os dias tenho que falar com inúmeros e grandes babacas.
Mas não naquele dia.
Era a tarde – dezessete horas e quarenta e cinco minutos pra ser exata – (não que eu estivesse contando cada segundo para ir embora e chegar na minha casa) quando atendi a centésima chamada do dia.
“Alô, gostaria de trocar meu plano móvel” – ele diz ao telefone e é a primeira vez em um ano e oito meses que uma voz me tira totalmente do eixo e automaticamente preenche meu corpo com relaxamento e paz.
“Qual seu nome, senhor?” – digo mais curiosa que o normal, porque tudo que eu quero naquele momento é descobrir esse nome.
Ele deixa escapar uma risada e diz “A menos que você tenha onze anos de idade, pode me chamar de senhor, ou de tio, se preferir” – ele sorri e continua – “A propósito, me chamo Samuel, e pra sua informação, tenho apenas 25 anos”.
Um nervoso e uma espécie de entusiasmo me consomem e tudo que eu consigo dizer é: “Tudo bem, senhor – corrijo – ops, Samuel. São apenas protocolos, mais um, dos inúmeros e chatos que temos que seguir”.
Droga! Não sei por qual motivo falei isso, não posso reclamar do meu trabalho para um… cliente? É isso que ele é, Ana! – lembra meu cérebro.
Algo na voz dele muda. Interesse, talvez? Não sei, mas estou obcecada para descobrir. Meu Deus, qual poder esse homem tem? Não importa mais nada, eu só quero continuar ouvindo a voz dele por mais uns… cinco minutos pelo menos?
“Hum… pelo visto você não curte muito seu trabalho, é… qual seu nome mesmo?”
Meu Deus, ele quer saber meu nome! Mas… merda! O protocolo diz que em nenhuma hipótese, nunca, jamais, podemos falar nossos nomes para os clientes. Mas poxa! Eu quero mesmo conhecer melhor o dono dessa voz tão deliciosa de ouvir.
“Ana. Meu nome é Ana, senh… Samuel.”
“Prazer, Ana. Embora tenha acabado de lhe conhecer, não preciso ser um expert em vozes pra reconhecer quando uma pessoa não está muito legal. Você está bem? Dia difícil?”
Uma simples pergunta e todas as minhas terminações nervosas me irradiam um alerta que estremece todas as estruturas do meu corpo. O que há de estranho nesse homem? Ou melhor… o que há de errado comigo? Não faço ideia, mas a partir daquele momento, responder todas as suas perguntas e prolongar o máximo que eu pudesse a nossa “conversa” era tudo que eu queria.
“Ah, Samuel… tudo bem. Apenas um dia difícil”.
“Dias difíceis acontecem para fazer a gente reconhecer que precisamos de momentos para relaxar, Ana. Há quanto tempo você não sabe o que é isso?” – serio que ele me perguntou isso? O que ele quer dizer com relaxar? Hahaha, porque sério, se ele tiver falando de sexo, fazem uns 2 meses, mas se ele tiver falando de outra coisa – e eu espero que não – como sair pra me divertir, não faço ideia qual foi a última vez. Saio do trabalho e corro pra casa todos os dias. Serio. Zero relaxamento. A menos que comer e dormir sejam consideradas formas de relaxar.
Ele continua falando: “Não sei se você me entendeu bem, mas na verdade, que tal um convite pra relaxarmos juntos? Você é de Maringá? Porque se for, eu pego você agora mesmo, onde estiver e a levo pra qualquer lugar em que você possa relaxar”.
Sim, ele me perguntou exatamente isso e é nessa hora que eu saio completamente de mim quando digo: “Quero! Na verdade, tô precisando mesmo relaxar. E sim, sou de Maringá”.
Meu Deus, eu acabei de dizer sim pra um estranho. Porque é isso que o Samuel é, certo? Há dez minutos eu não fazia ideia de sua existência – embora que o meu corpo nunca mais será o mesmo depois de ouvir sua voz – e muito menos que iria me encontrar com ele.
Conversamos por mais uns 3 minutos para coletar maiores informações. Preferi que ele não viesse me buscar e combinamos de nos encontrar no Bangkok Garden, um restaurante maravilhoso – pelo menos é o que todo mundo fala, né – aqui na cidade. Nunca fui lá, mas ele me disse que é um dos preferidos dele, então eu aceitei. Afinal, já cheguei até aqui, porque voltar atrás, ne?
Consigo ir rapidamente em casa e quando abro meu guarda-roupas, não pestaneio. Esse momento merece ele. Sim, o meu vestido vermelho justo, que embora tenha o corte midi, realça bem minhas curvas e deixa um mistério no ar, do tipo: desvenda-me se for capaz. Ok, talvez eu esteja exagerando, ou apenas muito nervosa. Mas o que um simples encontro pode afetar minha vida, não é mesmo?
Ah… mal sabia eu que “aquele” encontro iria mudar minha vida.
Chego no Bangkok e procuro um homem alto, cabelo preto e camisa slim azul marinho, conforme ele me orientou. Não precisei de muito esforço quando olhei à mesa da esquerda e o encontrei. Nossa! Muito melhor do que eu imaginava. Estou pronta pra sentar e ouvir a voz desse homem a noite inteira.
“Ana? Prazer, novamente. Samuel.” – ele levanta e me dá um abraço nada tímido, mas muito intimidade. Há muito tempo eu não me sentia desse jeito. Algo dentro de mim queima, acho que estou rendida… é isso, eu me rendi a essa voz, a esse corpo… ao Samuel.
Conversamos sobre tudo, trabalho, amigos, família, gostos musicais… a propósito, é o primeiro homem que eu conheço que admite ouvir John Mayer dentro do carro. A comida estava uma delícia, Bangkok é realmente tudo o que dizem mesmo, a melhor comida tailandesa que já comi na minha vida, pelo menos entre os dois outros e únicos restaurantes que já experimentei.
Em um certo momento da nossa conversa ele começa a me olhar de uma maneira diferente. Os olhos deles estão vidrados nos meus, percorre pelo meu pescoço, meu ombro, meu colo e vai descendo… quando ele se dá conta que eu estou percebendo, ele retorna para meus olhos e pergunta: “Pronta para relaxar?” – um arrepio toma conta de mim no momento em que ele me pergunta.
Não sei o que o Samuel pretende fazer comigo, mas estou louca pra descobrir. Aceno que sim com a cabeça e prontamente ele paga a conta e levantamos. Entro em seu carro e ele coloca nada mais nada menos que… sim, “slow dancing in a burning room” de John Mayer (socorro) para ouvirmos.
Ponto pro Samuel! Eu amo John Mayer. ✅
Quando avisa que estamos chegando, ele pede para eu fechar meus olhos e prontamente o obedeço. Chegando ao local, ele pega nas minhas mãos e me guia. Quando abro meus olhos, não entendo muito bem como ele conseguiu entrar aqui. Estamos no Parque do Ingá, mas teoricamente, ele fechou às 18h. Parecendo ler meus pensamentos, ele diz: “Relaxa, meu amigo trabalha aqui e me emprestou as chaves do portão”.
Ok, existem muitas coisas sobre o Samuel que eu não conheço e sei que ainda vou me surpreender muito.
Ponto pro Samuel! Eu amo caminhar nesse parque nas minhas folgas. ✅
Sentamos próximo ao lago e ele tira uma mecha de cabelo do meu rosto. Meu Deus, naquele momento não existia mais a Ana racional, resolvi dá uma folga pra ela. Olhei em seus olhos com muito desejo e o beijei.
O MELHOR BEIJO. Samuel marca seu terceiro ponto. ✅
Os beijos ganham mais intensidade e todo o meu corpo está estremecendo. Consigo sentir prazer apenas com seus toques pelo meu corpo. Definitivamente, Samuel me devastou.
Ele me deita na grama, estava uma noite linda, diga-se de passagem. Suas mãos agarram minha cintura e ele coloca seu corpo em cima de mim. Minha respiração aumenta de ritmo e ele me diz: “Eu sabia que eu queria isso desde o momento que você atendeu aquela chamada” – nossa, eu também, como eu queria! Digo em minha própria mente.
Ele tira meu vestido e beija todo meu corpo, às vezes carinhosamente, outras desesperadamente. Ele tem fome de mim. E eu dele. Quando estou apenas com a lingerie, ele me olha nos olhos e diz: “Posso continuar?” – claro, claaaaro! Nada pode fazer com que esse homem pare, pelo amor de Deus!
“Pode sim…” eu digo, com a voz rouca de desejo. Continuo dizendo a ele: “Samuel, desde que eu ouvi a sua voz naquela chamada, eu sabia que era exatamente isso que eu queria sentir com você”.
Ele continua me beijando, até me despir inteira. Ele retira uma camisinha de sua carteira, a coloca e então empurra uma enorme onda de prazer dentro de mim. Em intervalos de movimentos leves e fortes, estou quase lá. Não sei quanto tempo vou aguentar, estou chegando no ápice do prazer e faz muito tempo que não sinto isso.
“Samuel… eu… estou chegando… la…” falo com muita dificuldade, pois a onda de prazer que irradia meu corpo é tão forte que mal consigo raciocinar.
“Eu também. Eu acho que…” neste momento chegamos juntos ao que posso chamar de melhor orgasmo da minha vida.
Continuamos deitados ali por mais umas duas horas pelo menos, e então levantamos e entramos no carro. Ainda estou com fome de Samuel. Quero mais. E meus olhos dizem isso, porque quando ele olha pra mim, diz: “Ana, você é uma fominha de sexo, né?” Fala gargalhando pra mim, me deixando completamente vermelha de timidez.
“Calma, não fique com vergonha. Foi um elogio. Um grande elogio. Transar com você foi coisa de louco. Você acabou comigo. Duas vezes em um intervalo de dez minutos? Isso nunca aconteceu na minha vida” ele continua rindo, com aquela voz deliciosa. Tão deliciosa quanto ele.
Na medida que ele fala isso eu assumo o controle de tudo. Subo para seu colo e o beijo incansavelmente. Ele retribui e aperta minha coxa. Começamos ali mesmo no carro a terceira melhor transa da minha vida. Contando que as outras duas acontecerem horas antes.
Chegamos finalmente ou infelizmente na frente da minha casa. Não quero me despedir. Mas precisamos. Ele trabalha em uma construtora e precisa apresentar um projeto logo cedo e eu…ah, eu preciso atender diversos babacas no call center. Mas eu não tenho dúvidas de que eu vou encontrar Samuel de novo. Ele já pegou meu número e já anotou o dele no meu celular, quis me garantir de que eu não iria mentir pra ele, caso fingisse anotar. Como ele pensou isso? Eu jamais esqueceria e evitaria esse homem de novo. Eu quero ele na minha vida. Hoje e sempre.
“Espero te ver de novo” – ele me diz e é claro que vai me ver, tenho um total de zero planos que não incluam vê-lo.
E foi assim que começou minha história com Samuel. Hoje, dois anos depois, estamos vivendo uma das melhores fases das nossas vidas. Estamos noivos! Nos casaremos em 7 meses e temos a melhor conexão que eu poderia pensar um dia viver.
Tudo começou com a sua voz. A voz que me traz paz, me enche de prazer, de alegria e relaxamento. Estou exatamente onde e com quem eu deveria estar. Aquele estava sendo um dia ruim, mas terminou muito melhor do que eu imaginava.
Dica: não importa que seu dia não esteja saindo da forma que você gostaria, se ele AINDA não acabou, você pode transformá-lo. Olhe em sua volta. Encontre motivos. Naquele dia, Samuel foi meu motivo. Mas, se eu fizesse um pequeno esforço e olhasse nas entrelinhas, certeza que eu conseguiria encontrar outro motivo – não tão gostoso como ele – para que pudesse melhorar.
Espero quer você tenha gostado do nosso primeiro conto. Sim, nosso. E quando eu digo nosso, eu estou te convidando a compartilhar comigo os seus contos, fantasias e histórias românticas também. Coloca aqui nos comentários ou manda pra redação (caixinha de envio aparece bem aqui no final do site).
Gostou da Ana e Samuel? Conta nos comentários!
Até logo, sereináticas.
Luna de Adelaide.
Amei, já quero os próximos 👏
Boa Tarde Malena! pode aguardar, domingo teremos mais!
Ana ousadissima. Gostei
eu amei. ana com certeza eu queria ser a Ana hoje =/
Uau, simplesmente amei esse conto, cada detalhe dele. fui até pesquisar a Musica: Slow Dancing In A Burning Romm – Jhon Mayer. e a leitura desse conto, ouvindo essa musica é como se fosse a trilha sonora de um bom filme.
Uau! amei esse conto, fui até pesquisar a música: Slow Dancing In A Burning Room – John Mayer. Quando se lê esse conto ao som dessa musica, você se sente em um bom filme, com uma ótima trilha sonora.
Amei o conto, parabéns pra colunista.
Bom dia! Muito obrigado por seu comentário, todos os domingos você terá contos maravilhosos por nossa colunista Luna de Adelaide, não perca, só nos acompanhar nas redes socias, um abraço da equipe do O Primeiro Portal.
Parabéns, Ana. Gostei muito da história. Aguardo ansioso pelos proximos contos. Já tive oportunidade de ser Samuel em algumas vezes na minha vida. Abs
Que tudo! amei a coluna, ansiosa para os próximos contos
muito bom
Bom dia! Que bom que você gostou, nos acompanhe sempre para disfrutar de ótimas leituras de todos os nossos colunistas. Um abraço da equipe de O Primeiro Portal.
Luna, quê issooo. Uau!
tem dias que a gente quer viver uma loucura assim, igual a anaa
UAU!!! eu tava precisando ler isso e eu nem sabia
Poderia ser um filme que eu assistiria fácil! Parabéns!!!
Muito bom!!!
apaixonadinha por esse conto
ameeii!!! ♥