Dados divulgados pelo Covitel 2023 divulgados nesta quinta-feira (29) alertam sobre os hábitos dos brasileiros, sobretudo entre as idades de 18 e 24 anos. Segundo o relatório, 40,3% dos jovens estão com excesso de peso (soma de pessoas com sobrepeso e com obesidade). A obesidade aumentou 90% nesta faixa etária – de 9% para 17,1%.
Os jovens também lideram rankings que não são motivos de orgulho: são os que menos consomem frutas, verduras e legumes e estão no topo dos que usam dispositivos como celulares, tabletes ou televisão três horas ou mais por dia para lazer.
O levantamento ouviu nove mil brasileiros, de capitais e cidades do interior das cinco regiões do Brasil, por telefone (fixo e celular), entre janeiro e abril de 2023. Essa é a segunda edição do relatório, que tem como objetivo gerar dados sobre os fatores de risco de condições crônicas não transmissíveis.
Veja números do Covitel 2023 (população de 18 a 24 anos):
- 40,3% dos jovens estão com excesso de peso (soma de pessoas com sobrepeso e com obesidade). A obesidade aumentou 90% nesta faixa etária – de 9% para 17,1%;
- 31,6% já receberam diagnóstico médico de ansiedade e 14,1% receberam diagnóstico de depressão;
- 32,6% relataram episódio de consumo abusivo de álcool (quatro doses ou mais para mulheres e cinco doses ou mais para homens em uma mesma ocasião);
- São os que menos consomem frutas, verduras e legumes entre as faixas analisadas, e os que mais consomem refrigerantes e sucos artificiais;
- 36,9% praticam os 150 minutos semanais de atividade física recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS);
- São os líderes em tempo de tela, com 76,1% utilizando dispositivos como celulares, tablets ou televisão três horas ou mais por dia para lazer;
- 8,2% dos jovens já tiveram diagnóstico médico de hipertensão arterial (1,4 milhão de pessoas);
“As consequências da pandemia, que impactou hábitos, diagnósticos e tratamentos, e a constatação de que os jovens não estão cuidando da saúde como deveriam, acendem um importante alerta sobre os desafios para os sistemas de saúde que estão por vir, entre eles a saúde da população brasileira no longo prazo e a viabilidade econômica de se financiar um sistema sob pressão.”, comenta Pedro de Paula, diretor executivo da Vital Strategies.
Menos da metade (45,5%) consome verduras e legumes cinco vezes ou mais na semana — Foto: Daria Shevtsova
Números gerais
O relatório apresentou os dados gerais dos brasileiros. Os entrevistados responderam perguntas sobre percepção geral de saúde, prática de atividade física, hábitos alimentares, saúde mental e prevalência de hipertensão arterial e diabetes, além de consumo de álcool e de tabaco.
- Menos da metade (45,5%) consome verduras e legumes cinco vezes ou mais na semana. A faixa etária que mais come é a dos mais velhos, com 65 anos ou mais. A porcentagem é similar com as frutas: 41,8%. Novamente, os mais velhos estão no topo.
Sobre atividade física, os números não são favoráveis. Exercício físico é fator protetor contra doenças crônicas não transmissíveis.
- Apenas 31,5% dos brasileiros praticam pelo menos 150 minutos de atividade física. E os homens são mais ativos do que as mulheres.
“Os baixos níveis de atividade física da população brasileira preocupam muito. A inatividade física causa mais de 5 milhões de mortes por ano no mundo. Políticas públicas de promoção da atividade física são urgentes em todo o território nacional”, reforça Pedro Hallal, Professor da Universidade Federal de Pelotas e um dos coordenadores do Covitel.
Os dados apontam que 12,7% dos brasileiros já receberam diagnóstico médico para depressão e 26,8% para ansiedade. E um ponto positivo: quase 60% dos entrevistados disseram que dormem o tempo recomendado para a sua idade e têm um sono de qualidade.
O Covitel – Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia – foi desenvolvido pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a partir da articulação e financiamento da Umane e apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
*g1 / Foto: Divulgação