O ex-presidente Jair Bolsonaro destacou nesta quarta-feira (12) a “volta à normalidade partidária” após se encontrar com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. A reunião aconteceu um dia depois de o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes autorizar a retomada do contato entre os dois.
“Um ano sem conversar. A gente vai voltar à normalidade partidária agora. Muita coisa para fazer, não é fácil arrumar certas nominatas, acordos, parcerias”, disse Bolsonaro. Ele completou que, no momento, a prioridade é reforçar as manifestações em prol da anistia a condenados pelo 8 de Janeiro.
Segundo Bolsonaro, o objetivo é levar aproximadamente 500 mil pessoas para Copacabana em defesa à anistia. “Nós temos órfãos de pais vivos”, justificou. O ex-presidente negou, no entanto, que haja interesse em se beneficiar com o perdão. “Desde o começo falei que a anistia não era para mim. Me botaram agora no 8 de janeiro”, declarou.
Bolsonaro foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) pelos seguintes crimes:
- Liderar organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e
- Deterioração de patrimônio tombado.
O ex-presidente chamou as acusações de “infundadas”. “Não tem nenhuma relação minha com 8 de Janeiro”, disse, sustentando que estava fora do Brasil no dia das invasões às sedes dos Três Poderes. “Fizeram uma ginástica para fazer essa ligação. A preocupação sobre o que eu estou sendo acusado é zero”, completou, pontuando que se trata de um “julgamento político” e comparando a própria inelegibilidade com situações ocorridas na Romênia e na Venezuela. “Foi o que Maduro fez.”
Conversas autorizadas
Valdemar e Bolsonaro estavam impedidos de manter contato, uma vez que ambos eram investigados sobre um suposto plano de golpe de Estado. No entanto, a Procuradoria-Geral da República não ofereceu a denúncia contra Valdemar, o que motivou o pedido de liberação por parte da defesa do político.
“No caso de Valdemar Costa Neto, embora o investigado tenha sido indiciado no relatório final apresentado pela autoridade policial, a Procuradoria-Geral da República, ao exercer a sua opinio delicti, não denunciou o investigado, razão pela qual, em relação a ele, não estão mais presentes os requisitos necessários à manutenção das medidas cautelares anteriormente impostas”, disse Moraes.
Além da autorização de contato, Moraes devolveu bens pessoais e o passaporte de Valdemar.
Relembre
A proibição partiu do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a Operação Tempus Veritatis. A PF investiga a suposta organização de um golpe de Estado em 2022 em prol do candidato derrotado e ex-presidente.
As investigações apontam que o PL foi “instrumentalizado” para financiar e comandar a estrutura de apoio à suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo a PF, 16 militares são investigados por pelo menos três formas de atuação. A primeira é a produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à segurança das eleições de 2022 para estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas.
O papel de Costa Neto, segundo as investigações da PF (Polícia Federal) era de “principal fiador dos questionamentos” ao processo eleitoral. Ele seria peça-chave do chamado “Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral” do grupo criminoso.
*R7/Foto: Beto Barata/ PL/20.06.2023