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Butantan diz que Coronavac apresentou bons resultados contra Delta em laboratório

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O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou na quarta-feira, 7, que a Coronavac apresentou bons resultados contra a variante Delta do coronavírus em testes realizados em laboratório, mas ainda faltam dados populacionais sobre a proteção da vacina em relação à variante originária na Índia. Nesta quarta-feira, o governo de São Paulo informou que a Delta, de rápida disseminação, já circula no Estado.

“A vacina do Butantan, a Coronavac, já foi testada em laboratório na China contra essa variante e os resultados foram muito animadores. A vacina apresenta resposta adequada contra a variante em laboratório. Vamos ver como isso se comporta em termos populacionais”, disse Dimas Covas, durante coletiva para apresentar medidas de combate ao coronavírus.

À agência de notícias Reuters, o porta-voz da Sinovac, farmacêutica chinesa que desenvolveu a Coronavac, Liu Peicheng, disse que os resultados preliminares baseados em amostras de sangue dos vacinados mostraram uma redução de três vezes no efeito neutralizante contra a Delta.

Ele disse que uma injeção de reforço após o regime de duas doses poderia rapidamente provocar uma reação de anticorpos mais forte e duradoura contra a Delta. Ele não forneceu dados detalhados.

A Prefeitura de São Paulo monitora 31 pessoas que tiveram contato com a família do homem de 45 anos diagnosticado com a variante Delta. Amostras da mulher dele, que também apresentou sintomas da doença, serão analisadas pelo Instituto Butantan para verificar se ela também foi infectada pela variante. A Delta foi identificada pela primeira vez na Índia.

Segundo Dimas Covas, é feito o acompanhamento das variantes pelo instituto, que faz a genotipagem de cerca de 7% das amostras positivas, abrangendo as 17 regiões de saúde do Estado. “Esse acompanhamento é fundamental para mostrar qual será a evolução da variante no nosso meio.” Até o momento, 8,8 mil amostras foram analisadas.

Segundo Sandra Coccuzzo Sampaio Vessoni, diretora do Centro de Desenvolvimento Científico (CDC) do Instituto Butantan, com a prevalência da variante Gama, também chamada de P.1 e que teve origem em Manaus, a tendência é de que a Delta encontre dificuldade para se disseminar.

“Os municípios estão com 70% a 100% de casos da variante P.1. Mesmo achando uma variante importante, o fato de ter uma muito disseminada faz com que não seja fácil alcançar o mesmo ‘hub’. Não se encontra um espaço fácil para que a outra variante se estabeleça”, explicou a especialista em entrevista ao Estadão.

SP estuda reduzir intervalo entre doses da AstraZeneca e Pfizer

De rápida disseminação, a variante Delta já pressiona o governo paulista a reavaliar o intervalo de três meses entre doses de vacinas aplicadas no Estado. No Brasil, os imunizantes da AstraZeneca e da Pfizer seguem esse tempo de intervalo. Já a Coronavac é aplicada com 28 dias entre uma dose e outra.

“A possibilidade de antecipação da segunda dose para estas vacinas deve ser considerada, sim, porque embora as vacinas possam não responder bem à variante Delta de forma geral, o fato de ter a imunidade completa ajuda substancialmente. Por isso muitos consideram a alteração do calendário, prevendo a antecipação da segunda dose. Isso tem de ser considerado e é correto”, completou Covas.

Especialistas do Centro de Continência Contra a Covid-19 do Estado de São Paulo devem se reunir nesta quinta-feira, 8, para debater a redução do intervalo entre as doses.

Para o coordenador-executivo do Centro de Continência, João Gabbardo, há uma grande preocupação com a variante Delta. Mas o especialista lembra que, embora a taxa de infecções tenha aumentado no Reino Unido, onde a variante circula, esse crescimento não elevou o número de óbitos no país europeu.

“Neste momento, o mais adequado é acelerar a vacinação. E em relação a diminuir o tempo entre d1 (primeira dose) e d2 (segunda dose) da AstraZeneca, talvez seja mais interessante ter mais gente vacinada com primeira dose do que antecipar a segunda dose para alguém”, disse Gabbardo.

“Não existe mágica: se antecipar de 90 para 60 dias a segunda dose para algumas pessoas isso significa atrasar a primeira dose de uma parte da população”, completou o coordenador-executivo do Centro de Continência.

A escassez de doses pode gerar entraves para mudanças no esquema de vacinação, segundo Gorinchteyn. “Também precisamos ter mais doses de vacinas, principalmente das outras vacinas, da Pfizer e da AstraZeneca, para que esse intervalo possa ser estabelecido. Se não tivermos esse alento dado pela chancela e liberação do Ministério da Saúde, que coordena o Plano Nacional de Imunizações, por mais que essa decisão aconteça, operacionalmente terá entraves.”

*Estadão Conteúdos

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