Caminhoneiros: entidades seguem divididas sobre adesão à greve

Publicado em

Entidades e associações que representam caminhoneiros seguem divididas quanto à adesão à paralisação prevista para ocorrer a partir da meia-noite deste domingo, 25, Dia do Motorista. A realização da greve não é unanimidade entre os transportadores rodoviários. Algumas entidades apoiam a interrupção das atividades e já estão organizando a paralisação, enquanto outras são contrárias e uma terceira parte ainda avalia se vai participar ou não dos atos que tendem a se estender ao longo desta semana, segundo representantes ouvidos pelo Broadcast.

Vídeos de transportadores organizando o movimento circulam pelas redes sociais na manhã deste domingo. Em Barra Mansa (RJ), caminhoneiros estendem faixas dos atos próximos à rodovia Presidente Dutra e se reúnem em postos de combustível. Nas faixas contam dizeres como “Estamos no limite”, pedidos de preço “justo” do diesel e lembretes ao cumprimento da lei 13.703/2018, que institui a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. Em Natal (RN) também há mobilização de alguns transportadores.

O movimento é organizado por algumas entidades da categoria, como o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). Entre as reivindicações dos caminhoneiros estão o fim da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras para combustíveis, maior fiscalização nas estradas para cumprimento do piso mínimo de frete e a aposentadoria especial para os motoristas a partir de 25 anos de trabalho por envolver atividades insalubres.

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, disse há pouco ao Broadcast que a entidade mantém o apoio ao movimento e orienta seus associados a paralisarem as atividades. “Orientamos que se participe dos atos sendo celetista ou autônomo”, afirmou. Segundo Litti, não há previsão de encerramento da paralisação. Ele considera que o término do movimento vai depender das respostas do governo para a categoria Na avaliação de Litti, o engajamento dos caminhoneiros com a interrupção das atividades é semelhante ao observado antes da greve de 2018.

á o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) ainda avalia a adesão ao movimento. O presidente da entidade, Luciano Santos, afirmou ao Broadcast que o sindicato “não apoia e nem desapoia” a realização dos atos. “Nenhum sindicato ou cooperativa de outra cidade nos procurou para tratar da questão. Na sexta-feira (23),fomos procurados por alguns motoristas autônomos. Avaliamos as reivindicações e pedimos um prazo até quarta-feira para tomar a decisão”, disse Santos.

Segundo ele, manifestações isoladas de transportadores autônomos da região tendem a não afetar a operação do Porto de Santos. “Pedimos um prazo para discutir as questões, dar um tempo de resposta aos envolvidos e depois organizar ou não uma paralisação maior unindo todos os sindicatos da região e dos portos de Santos, Guarujá e Cubatão”, afirmou.

Transportadores rodoviários ligados aos terminais portuários da Baixada Santista pedem a instalação de um posto fixo da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no porto de Santos para fiscalizar o pagamento do frete mínimo pelas empresas que atuam no cais. O atual patamar do valor do óleo diesel e o cumprimento da tabela do frete rodoviário também são citados entre as reclamações dos transportadores, segundo o presidente do Sindicam da região.

Contrários

A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava) informou que reforça a posição contrária aos atos, apesar de considerar o movimento “justo” e “pertinente”. O presidente da associação, Wallace Landim, conhecido como Chorão, afirmou que a entidade não vai participar da paralisação, após decisão tomada em reunião com associados na última quinta-feira (22). Segundo Chorão, existe “grande” descontentamento dentro de todo o segmento, mas não há adesão de 100% da categoria neste momento. “O combustível não é um problema só nosso. Referente a lei 13.703/18 que está vigente, precisamos que a ANTT faça seu trabalho de fiscalização”, disse Chorão há pouco ao Broadcast. Chorão apontou que a Abrava está procurando representantes de classes de outras categorias, como os trabalhadores da construção civil, da metalurgia, comércio e indústria, para tratar de pautas e possíveis respostas para questões semelhantes como uma paralisação mais ampla.

Na sexta-feira, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens-SP) e o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) também declararam que não irão participar da paralisação, conforme informou o presidente de ambas entidades, Norival de Almeida Silva Preto. Também na sexta-feira, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou à reportagem que mantém o posicionamento de não orientar os seus associados sobre aderir ou não ao movimento. A CNTA congrega sete federações e 140 sindicatos distribuídos pelo País, representando 800 mil caminhoneiros autônomos, segundo dados da própria confederação.

Procurado pela reportagem, a assessoria de imprensa da CNT (Confederação Nacional do Transporte), que representa as empresas do setor, informou que a entidade ainda não se pronunciou sobre o assunto e que avalia eventual posicionamento quanto à greve.

Os caminhoneiros são considerados base importante de apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), desde antes de sua eleição, em 2018. No entanto, o descrédito do governo vem aumentando junto ao setor em virtude de algumas promessas não cumpridas. Em maio, preocupado com movimentos grevistas e as constantes ameaças de paralisações, o governo anunciou um pacote de medidas para a categoria, o “Gigantes do Asfalto”. A maior parte das medidas incluídas no pacote não foram viabilizadas até hoje, segundo algumas lideranças. Nos bastidores, parlamentares ligados à base governista buscam aproximação com os representantes da categoria na tentativa de acalmar os ânimos e frear a paralisação. Do outro lado, membros do alto escalão afirmam que a ameaça de greve não preocupa o governo, que considera o movimento “pontual”.

*Estadão Conteúdos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe

Assine Grátis!

spot_imgspot_img

Popular

Relacionandos
Artigos

Morre bebê de grávida mantida viva por aparelhos em MT

Morreu na madrugada deste sábado (25), em menos de 24...

Just Motors Racing garante Pole Position na categoria P4 e aumenta expectativa para a disputa Mil Milhas

Agilidade do veículo foi verificada nesta quinta-feira (23/1), já...