Após a seca histórica que atingiu Manaus em 2023, moradores que frequentam a orla da capital do Amazonas foram surpreendidos com a aparição de ilhas de vegetação no Rio Negro. O fenômeno ganhou repercussão nas redes sociais nesta semana e o g1 foi atrás de um especialista que explica o que são essas formações.
“São chamadas de capim marreca ou canaranas, são espécies de plantas aquáticas que se formam em períodos de estiagem, como essa estiagem histórica que vivemos recentemente. Quando o rio secou, ele expôs o solo que estava altamente nutritivo e criou condições para que essa vegetação se desenvolvesse”, informou o professor de biologia André Menezes.
Durante a seca severa do ano passado, o Rio Negro alcançou o nível mais baixo dos últimos 120 anos. O problema colocou Manaus em emergência, fechou escolas da zona rural e mudou a paisagem de importantes pontos turísticos, como a Praia da Ponta Negra, e o Encontro das Águas.
Com o fim da vazante, o cenário continua em transformação, a faixa de terra na orla da cidade foi substituída pelas ilhas de vegetação, conforme explica o especialista.
Apesar de ser resultado da seca histórica que atingiu o Amazonas, o fenômeno também já prediz outro: a cheia do rio. Isso porque, segundo o biólogo, no momento em que as ilhas começam a se desprender do solo, há um sinal de que o pior cenário já passou.
“Isso é um sinal de que a cheia está acontecendo e o rio subindo. Normalmente, essas ilhas se desfazem com o tempo, porque a correnteza vai levando o capim rio abaixo e ele vai se desfazendo. É claro que ele também pode ficar retido em áreas onde o rio não tem uma correnteza muito forte, e aí precisa ser feito um trabalho de limpeza, mas geralmente a natureza se encarrega de levar essa vegetação”.
No entanto, as formações podem se tornar perigosas para quem quer se aventurar nelas e o especialista alertou que é preciso cuidado ao se aproximar das ilhas.
“É possível que tenham animais que se alimentam daquelas plantas, nelas há uma cadeia de seres vivos, espécies de insetos, peixes e até mesmo aves, que podem fazer seus ninhos. O nome, inclusive, faz menção aos marrecos, aves que têm o costume de ficar nessas formações”, contou.
“Mas essas formações também podem ser perigosas, porque as pessoas podem querer nadar e acabar se afogando nelas. Isso porque as raízes podem se entrelaçar no corpo das pessoas e ocasionar esses acidentes. Também pode causar acidentes com embarcações, caso as hélices fiquem presas nelas”, finalizou.
*g1 / Foto: William Duarte, Rede Amazônia