O calado não fala. O quieto fala pouco. Para ingressar nas Forças Especiais do Exército (FE) é necessário que o militar seja sargento oriundo da Escola de sargentos das Armas (ESA) ou oficial oriundo da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e ter concluído o curso de Ações de Comandos e curso Básico Paraquedista. Não é incomum ingressarem sessenta candidatos no curso de FE e, ao final, somente 6 concluírem. Ou entrarem 40 e somente 4 ou 5 terminarem com êxito. O militar Forças Especiais, seja sargento ou oficial, pertence à elite da Força. Ele é o melhor, o mais capacitado mental, técnica e fisicamente do que a grande maioria. Por isso ele é especial. Os mais sacrificantes cursos militares dos EUA, Inglaterra, Israel, Alemanha etc. são, no máximo, similares ao FE, porém jamais melhores. Por isso, o FE brasileiro é respeitado entre os militares do mesmo nível nas nações amigas. Entre os pares, há uma grande admiração e respeito a esses homens. Talvez, por isso, os FE são calados, introspectivos, humildes. Sabem tanto da arte do combate na guerra que descobriram, no sofrimento, que quase nada sabem, da mesma forma como agem os sábios. Aquele homem fardado, um tenente-coronel, diante da Comissão Parlamentar Mista (CPMI) do Congresso, é um FE. Por mais que tentem humilhá-lo, jamais conseguirão. Ele já foi humilhado demais para se deixar abater. Treinou para isso, também. Ele está ali porque foi Ajudante-de-Ordem do ex-presidente Bolsonaro – o desafeto da Esquerda. Dizem os seus algozes, em colegiado, que, ao permanecer em silêncio durante um depoimento à audiência da “CPMI do 8 de janeiro” , ele desrespeitou decisão do STF, pois o seu “habeas corpus” na decisão da ministra Carmem Lúcia era parcial, pois só se referia ao silêncio nos assuntos que pudessem incriminá-lo. Portanto, é incriminado por ser Ajudante-de-Ordem, por um possível envolvimento em “8 de janeiro” e porque se manteve em silêncio diante do colegiado, sendo feita uma representação na 10ª Vara Criminal do Distrito Federal. Porém, nem em seu telefone requisitado e totalmente vasculhado há provas contra ele e nem em outra situação particular, também, há qualquer prova contra ele. Mas, está preso desde 03 de maio de 2023. Somente 73 pessoas, entre familiares, políticos, advogados e amigos, lá estiveram para visitá-lo na prisão. Entre eles, dois generais se destacaram, Júlio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército, demitido em janeiro, e o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, do Alto Comando do Exército (ACE) e comandante de Operações Terrestre do Exército (COTER). Cid se apresentou fardado, com medalhas e cursos, tão solitário como quando iniciou a sua carreira, sem considerar a família sempre presente. Como lá atrás, ainda cadete, foi conquistando cada posição com mérito e excelência, agora se lê no semblante guerreiro que há um recomeço na sua vida. Está pronto para conquistar novas posições e novos méritos. Se antes lutava para si, para a sua carreira brilhante e para o Exército, agora, a sua luta é para um país liberto, para um povo que clama justiça.
Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.