O que realmente importa: seguir a ciência ou adotar a sociologia moderna e suas derivações ideológicas, como o identitarismo e o movimento woke? Essa questão se tornou central no debate contemporâneo, pois há uma crescente tentativa de substituir a objetividade científica por narrativas subjetivas que ignoram evidências e priorizam sentimentos.
O Que é o Identitarismo e Suas Origens na Escola de Frankfurt
Antes de tudo, é essencial compreender o conceito de identitarismo, que se consolidou a partir das ideias da Escola de Frankfurt, um grupo de filósofos e sociólogos do século XX que buscava reinterpretar a sociedade sob a ótica da luta pelo poder. Autores como Theodor Adorno, Max Horkheimer e Herbert Marcuse desenvolveram teorias que criticavam a cultura ocidental e suas estruturas tradicionais, argumentando que a sociedade estava impregnada de opressões sutis.
A partir dessas ideias, o identitarismo moderno surgiu como uma extensão dessa crítica, colocando a identidade – seja de raça, gênero ou sexualidade – no centro do debate político e acadêmico (Honneth, 2003). Essa abordagem, no entanto, se afastou cada vez mais da realidade objetiva e passou a negar até mesmo fundamentos científicos.
A Contradição dos Gêneros: Ciência vs. Ideologia
Atualmente, algumas universidades e pesquisas acadêmicas afirmam que existem mais de 30 gêneros, baseando-se em conceitos subjetivos e sociológicos (Butler, 1990). No entanto, a própria comunidade identitária muitas vezes não consegue definir de forma clara o que esses termos significam. Há inúmeros registros de ativistas que, quando questionados sobre o que significa ser “não-binário” ou “queer”, não conseguem apresentar uma explicação objetiva (Lindsay & Pluckrose, 2020).
Por outro lado, a ciência biológica é clara e objetiva: existem apenas dois sexos, masculino e feminino, determinados geneticamente pelos cromossomos XY e XX (Sax, 2002). O que se entende como identidade de gênero pode variar de acordo com a percepção individual, mas não há evidências científicas que sustentem a existência de múltiplos gêneros biológicos. Essa realidade, porém, tem sido contestada por ativistas que desejam substituir o método científico pelo discurso ideológico, ignorando dados concretos.
O Movimento Woke: Uma Nova Religião Dogmática
A confusão gerada por essas novas teorias se encaixa no fenômeno da wokeness, um movimento que começou como uma suposta luta por justiça social, mas que rapidamente se tornou uma doutrina rígida e intolerante (Rufo, 2022).
O movimento woke prega inclusão, mas exclui qualquer um que ouse discordar de sua narrativa. Ele afirma defender diversidade, mas só aceita um tipo de pensamento, e qualquer questionamento é tratado como preconceito ou discurso de ódio (Sullivan, 2021). O objetivo não é construir uma sociedade mais justa, mas sim desconstruir qualquer referência objetiva e substituir a verdade por uma série de narrativas mutáveis.
Um exemplo claro dessa dinâmica é a forma como ideologias identitárias buscam redefinir conceitos biológicos e sociais sem qualquer base empírica, e quando são confrontadas com a realidade, recorrem à censura e ao cancelamento. Esse fenômeno pode ser observado na forma como intelectuais, professores e cientistas têm sido atacados simplesmente por apresentar evidências que vão contra a narrativa dominante (Murray, 2019).
O Perigo da Substituição da Verdade pela Ideologia
O que acontece quando uma sociedade deixa de se basear na ciência e passa a seguir apenas discursos ideológicos? O resultado é uma crise de identidade coletiva, onde indivíduos perdem suas referências e a realidade se torna uma questão de opinião (Scruton, 2015).
A imposição de conceitos identitários sem embasamento científico não apenas confunde a sociedade, mas também fragiliza a busca por soluções reais para problemas concretos. Se tudo é fluido e indefinido, qual é o limite para reinterpretações arbitrárias da realidade?
O identitarismo radical e o movimento woke não promovem uma sociedade mais equilibrada e justa. Pelo contrário, eles fragmentam a população, criam divisões artificiais e enfraquecem o pensamento crítico, transformando qualquer debate legítimo em uma batalha ideológica baseada na censura e na emoção.
Ciência ou Narrativa? A Escolha Está Diante de Nós
O embate entre ciência e ideologia nunca foi tão evidente. Precisamos decidir se continuaremos a nos basear em fatos e evidências ou se permitiremos que dogmas ideológicos dominem o debate público. A biologia, a genética e a medicina não podem ser moldadas por ativismos que ignoram a realidade.
A verdade não é uma questão de opinião. Ou seguimos a ciência, ou nos perderemos em um labirinto de narrativas sem sentido, onde a própria noção de realidade se dissolve em subjetivismos cada vez mais extremos.
O futuro dependerá de nossa capacidade de resistir a essa manipulação e reafirmar a importância do conhecimento baseado em fatos, e não em ideologias mutáveis e sem fundamento empírico.
Referências
● Butler, J. (1990). Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. Routledge.
● Honneth, A. (2003). Luta por reconhecimento. Ed. 34.
● Lindsay, J., & Pluckrose, H. (2020). Cynical Theories: How Activist Scholarship Made Everything About Race, Gender, and Identity—and Why This Harms Everybody. Swift Press.
● Murray, D. (2019). The Madness of Crowds: Gender, Race and Identity. Bloomsbury.
● Rufo, C. (2022). America’s Cultural Revolution: How the Woke Left Conquered Everything. HarperCollins.
● Sax, L. (2002). How common is intersex? A response to Anne Fausto-Sterling. Journal of Sex Research, 39(3).
● Scruton, R. (2015). Fools, Frauds and Firebrands: Thinkers of the New Left. Bloomsbury.
● Sullivan, A. (2021). Out on a Limb: Selected Writing, 1989-2021. Atlantic Books.
*Por Caprine/ Arte: Produção Casa Filmes