De aposta a xodó, russa Kuznetsova lidera pontuação da Superliga e se declara aos brasileiros: “Felizes e sorridentes”

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As palavras em português ainda surgem com um pouco de timidez na fala da russa Sofya Kuznetsova. Mas o idioma não tem sido um grande empecilho para o sucesso da atleta do Praia Clube. Não demorou muito para a ponteira, de 24 anos, deixar o status de aposta e assumir a condição de xodó da torcida.

Os 54 pontos em dois jogos contra o Minas em outubro (21 pela final do Mineiro e 33 na Supercopa) foram o cartão de visita: perto do último jogo da temporada, ela chega à final da Superliga como a maior pontuadora e segunda melhor sacadora da competição.

O desempenho em quadra é reflexo de Kuznetsova fora dela. Apesar de admitir a dificuldade para se adaptar ao calor, desde que chegou ao Brasil, a russa afirmou em entrevista ao ge que se encantou com as belezas naturais do país, se surpreendeu com a culinária – em especial à “carne infinita” do churrasco – e ressaltou o que mais admirou nos brasileiros: a alegria e desenvoltura.

Conexão Rússia-Brasil

O primeiro contato de Kuznetsova com o Brasil foi em 2019. A ponteira estava no jovem elenco da seleção da Rússia que disputou a Liga das Nações e enfrentou o Brasil. Em um ginásio Nilson Nelson, no Distrito Federal, lotado, a equipe brasileira venceu por 3 sets a 0. Mesmo não começando no time titular, ela entrou no jogo.

Aposta de Paulo Coco para a temporada, Kuznetsova se encantou de imediato com as belezas naturais do Brasil. Ainda na pré-temporada, a russa aproveitava os momentos de folga para realizar passeios que foram compartilhados nas redes sociais.

Mesmo com a aparente integração rápida, as primeiras semanas foram de difícil adaptação, principalmente, por causa do clima bem diferente da terra natal. Mesmo garantindo que estava “mentalmente preparada” para o calor brasileiro, Kuznetsova admitiu dificuldades.

— Nos três primeiros meses foi difícil, por causa do calor, tanto dentro quanto fora da quadra. Mas agora não sinto tanto calor e até gosto do sol, traz uma energia boa. Na Rússia, temos uns 180 dias por ano bem nublados.

A culinária foi um dos artifícios que ajudaram a ponteira a se adaptar ao país. Além de elogiar a enorme variedade de frutas, ela conheceu o churrasco e disse que comeu muita carne no primeira mês que esteve no país.

Se as altas temperaturas não incomodam mais a atleta do Praia Clube, outro tipo de calor conquistou o coração dela logo nos primeiros dias no Brasil: o humano.

— Eu fiquei feliz de ver como as pessoas são felizes e sorridentes. Elas são calmas e simples, pedem para tirar fotos por exemplo sem timidez. Só ficam tímidas quando pergunto se elas falam inglês (risos).

“Foi isso que mais me encantou, como as pessoas são abertas e não tem vergonha”, disse.

Topo das estatísticas

Ao longo da competição, Kuznetsova anotou 482 pontos, 19 a mais que a segunda colocada Tiffany, de Osasco, que já se despediu da competição. A russa também é a terceira melhor sacadora da Superliga Feminina. Os números são superiores, se comparados aos da temporada passada quando ela foi um principais nomes da primeira divisão do Campeonato Italiano de vôlei feminino.

Com a camisa do Cuneo, ela ficou no top 10 das melhores atacantes da competição com 383 pontos no fundamento. A jogadora ainda foi a sexta melhor bloqueadora do Campeonato Italiano, com 27 bloqueios.

Os números de Kuznetsova na Superliga

  • 482 pontos (maior da Superliga);
  • 4,77 pontos/set (2ª melhor média);
  • 30 aces (2ª melhor sacadora);
  • 34 bloqueios (27ª melhor bloqueadora);
  • 41% de aproveitamento no ataque;
  • 42% de aproveitamento na recepção.

Apesar do brilho individual, ela destaca a importância do jogo coletivo para o sucesso da equipe.

— Não é meu objetivo principal marcar um monte de pontos. Lembro de vários jogos em que fiz muitos pontos mas perdemos, e outros que fiz poucos pontos, mas vencemos. Mas claro que é uma honra [ser a maior pontuadora], porque gosto muito de atacar e provar minhas habilidades.

Sofya valorizou a campanha do Praia Clube na Superliga, marcada por altos e baixos, e se mostrou ansiosa para jogar a decisão.

— Tivemos um longo caminho. Vencemos, perdemos, viramos uma família. Choramos, sorrimos e agora estamos na final. É uma emoção incrível, porque para mim é a primeira final de Superliga. Estou feliz, mas temos mais um passo para dar.

Neste ano, a russa foi campeã do Campeonato Mineiro e da Copa Brasil, além de vice-campeã do Sul-Americano e da Supercopa com o Praia Clube. Confiante para a final, ela garante que vai lutar para adicionar mais um troféu à galeria.

“É o maior passo para mim na temporada. É importante sempre chegar no topo da montanha, não ficar só no meio dela. Quero muito poder dar um “check” na listinha e poder dizer que conseguimos!”

Com Kuznetsova como trunfo, o Praia Clube enfrenta o Minas no domingo, às 11h, no Ginásio Geraldão, no Recife.

Fonte: Globo Esporte/Foto: Wagner Carmo/ECP

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