Imagens de um laudo necroscópico mostram onde o sargento da PM Samir Carvalho deu as 51 facadas e os três tiros na esposa, Amanda Fernandes Carvalho, dentro de uma clínica médica em Santos, no litoral de São Paulo. A vítima morreu no local e o homem foi preso.
O documento, obtido pela equipe de reportagem nesta quinta-feira (22), aponta que Amanda foi esfaqueada diversas vezes no rosto, tronco e coxa. Os disparos atingiram o peito, costas e braço da vítima. A reconstituição do caso é realizada nesta quinta-feira (22).
O crime aconteceu no dia 7 de maio, dentro de uma clínica localizada na Avenida Pinheiro Machado, no bairro Marapé. Samir atirou na esposa e na filha de 10 anos. Em seguida, ele esfaqueou Amanda. A criança foi socorrida e ficou internada por seis dias.
Na imagem, anexada ao laudo do Instituto Médico Legal (IML), é possível ver que a maioria das facadas atingiu o lado direito do corpo da vítima, da coxa até a face. Além disso, o documento aponta que os golpes ocorreram enquanto ela estava de frente e de costas.
As áreas atingidas pelos disparos também foram destacadas no laudo. Outra imagem mostra que Amanda foi baleada no peito, braço e costas (veja abaixo). Conforme descrito pelo IML, os tiros foram disparados à distância.
O médico legista responsável pelo documento concluiu que Amanda sofreu “morte violenta, decorrente de anemia aguda por hemorragia interna traumática, em consequência dos ferimentos” causados pelos tiros e facadas.
Inativo da PM
Segundo apuração do g1 junto à Justiça Militar, a prisão do sargento resultou na chamada agregação militar, status que o coloca como inativo temporariamente.
Nessa condição, ele perde o direito ao salário e o tempo de serviço não é contabilizado.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o inquérito policial foi instaurado pela DDM de Santos.
“O agente foi detido em flagrante e, posteriormente, teve sua prisão convertida em preventiva pela Justiça. O policial foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, na capital paulista. As diligências continuam com o objetivo de esclarecer completamente os fatos investigados.”
Entenda o caso
O sargento da Polícia Militar (PM) Samir Carvalho foi preso em flagrante após matar a esposa Amanda Fernandes, na tarde do dia 7 de maio, dentro de uma clínica médica na Avenida Senador Pinheiro Machado, no bairro Marapé.
A filha do casal foi levada à Santa Casa de Santos. Ao g1, o hospital informou que a paciente foi atendida pela equipe multidisciplinar da emergência e recebeu alta no dia 13 de maio.
Menina tentou salvar mãe
Em depoimento à polícia, o médico proprietário da clínica disse ter sido surpreendido por Amanda e pela filha. Ele aguardava o horário de chamá-las para uma consulta que estava agendada.
“Meu marido está comigo, está armado, é policial e ele quer me matar, pois estamos nos separando”, teria dito Amanda ao médico.
O médico contou que trancou o consultório, colocou duas cadeiras atrás da porta e ficou segurando, com medo de que fosse arrombada. Disse ainda que pediu para Amanda chamar a polícia, mas ela respondeu que uma amiga já havia acionado a corporação. Por isso, insistiu por uma nova ligação.
O homem relatou que ouviu uma batida na porta e questionou quem era, mas não teve retorno. Momentos depois, ele escutou a voz da secretária pedindo para a porta ser aberta porque a PM havia chegado. Segundo o relato, também foi possível escutar uma voz masculina dizendo: “pode abrir, é a polícia, está tudo sob controle”.
Segundo apurado pelo g1, a menor tentou salvar a mãe, que era o alvo dos disparos, pulando na frente dela. O profissional disse para polícia que se abrigou debaixo da mesa para se proteger e acredita que o atirador tenha começado os disparos do lado de fora da sala. Ele só se levantou depois que o agressor foi contido pelas equipes policiais.
O homem contou que socorreu a filha de Amanda e, logo depois, viu o corpo da mulher com uma faca “cravada no pescoço e banhada em sangue”. Ele garantiu que nunca havia visto as vítimas antes e não chegou a ver o atirador porque se escondeu ao ouvir o primeiro tiro.
Investigação
Em nota, a SSP-SP informou que a PM instaurou um Inquérito Policial Militar para “apurar rigorosamente a conduta dos agentes acionados para atender uma ocorrência que evoluiu para feminicídio e tentativa de homicídio em uma clínica de saúde”.
Anteriormente, a SSP-SP havia informado que os agentes tinham encontrado a mulher já morta e a filha do casal ferida ao chegarem no local da ocorrência, contrariando à versão obtida pelo g1 com a Polícia Civil de que os policiais estavam na clínica na hora dos disparos.
Defesa de Samir
Por meio de nota, o advogado Paulo de Jesus, que representa Samir, afirmou que na tarde do dia 8 de maio foi realizada audiência de custódia e a prisão em flagrante do policial foi convertida em preventiva. Samir foi encaminhado ao presídio Romão Gomes. Paulo de Jesus disse que a defesa se manifestará apenas quando as investigações forem concluídas.
Fonte: G1/Foto: Redes Sociais e Reprodução