Líder do PL na Câmara, Altineu Cortês (RJ) considera natural a aproximação de alguns deputados da bancada do partido com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar avisa, porém, em entrevista, que quem votar de maneira contrária à orientação “fechada” da legenda receberá punições internas. A própria liderança, porém, é acusada de aproximação com o Planalto, o que ele nega.
“Encaro com naturalidade. É óbvio que os deputados precisam respeitar as decisões partidárias, quando existe fechamento de questão, como aconteceu nessa medida provisória da reestruturação dos ministérios, os deputados devem seguir o partido. Se não, sofrerão sanções, serão punidos pelo partido. Os deputados que não acompanharam essa votação, obviamente, responderão por isso dentro do partido. Isso vai acontecer”, disse Altineu.
Na votação da MP da Esplanada, a oposição ficou com apenas 125 votos contrários, a despeito do sufoco do governo para colocar a matéria em votação. No PL, oito deputados votaram a favor do Planalto, todos eles do Nordeste. Nos corredores do Congresso, algumas lideranças falam numa “bancada dos 30”, paralela ao bolsonarismo do partido e disposta a conversar com o governo.
“Existem muitas questões, pois o PL tem um número de deputados, principalmente deputados do Nordeste… São deputados que suas cidades, as suas bases eleitorais, dependem do governo federal. A gente entende a posição desses deputados, isso já foi falado em reuniões no nosso partido”, diz o líder.
De acordo com Altineu, o assunto chegou a ser debatido abertamente numa reunião realizada pelo PL com 86 deputados presentes. O líder diz que a posição da legenda sobre as votações em plenário foi exposta “claramente”.
“Onde as pautas não forem de fechamento pelo partido, esses deputados podem ter uma divergência. É óbvio que isso não vai acontecer sempre, a gente sabe disso, mas pode haver uma divergência e o partido vai saber respeitar isso”, diz.
Questionamento da liderança
Enquanto isso, a própria posição de Altineu Côrtes na liderança do PL já foi questionada pelos seus pares. As reclamações dão conta de um possível diálogo e aproximação com o governo Lula e resultaram num movimento, já contido, para retirar o parlamentar do cargo. Ele nega qualquer movimento nesse sentido, mas ressalta suas conversas com partidos da base governista.
“Não, não existe conversa minha com o governo Lula. A gente tem ótima relação com os líderes. A gente tem relação com deputados do PT, do MDB, do PSD e deputados do União Brasil, de todas as siglas. O diálogo na política é fundamental e eu, não sou um líder que exerce a liderança de forma raivosa, de forma radical. Eu exerço essa liderança com diálogo e com palavras”, disse.
Confira a entrevista completa com o líder do PL
Altineu Cortês também criticou a postura adotada por Ricardo Salles (PL-SP) ao encontrar dificuldades para garantir candidatura à Prefeitura de São Paulo. O líder do PL também defendeu a candidatura de Michelle Bolsonaro ao Senado na eleição de 2026.
Foto: Reprodução
*Metrópoles