Linhas Tortas: SOLDO

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A palavra “soldo” é originária do nome da moeda romana com a qual os soldados romanos eram pagos. Tal moeda de ouro foi criada por Constantino, em 309 d.C. Na idade Média (476 d.C. a 1453), havia a obrigação ao serviço militar, porém, os “cavaleiros” não recebiam soldos. O pagamento era realizado em forma de isenção de impostos de jugada (parte da produção de cereais). Um atraso de nove meses nos soldos dos soldados, fez com que, em 1724, no Brasil, os militares deixassem os quartéis e se proclamaram em “estado de rebelião”. Armados, aclamaram como seu comandante um simples cabo de esquadra que liderava o motim e deixaram de reconhecer a autoridade dos seus superiores e do governador da Capitania do Rio de Janeiro. O então governador, Aires Saldanha, foi ao lugar onde ocorria o protesto e, sob mira de baionetas, se comprometeu com as pautas dos amotinados. Com a falta de voluntários nativos para servir o corpo de tropa e a “fuga” de soldados portugueses que preferiam explorar o “ouro” em Minas Gerais, o governador resolveu não punir os amotinados para não piorar a situação de recrutamento. A História da Guerra, qualquer que seja o seu período histórico, confirma a necessidade de “pagar” o soldado ou torná-lo um escravo. O “dono” do escravo recebia os pagamentos ou, se o “dono” fosse o “rei”, simplesmente os utilizava como quisesse. Portanto, não há guerra sem soldados e não há soldados sem soldos. Em geral, sem poder exercer outra profissão, o soldado necessita do soldo para sobreviver e manter a sua família. Essa é a regra. Então, se o soldado tem segurança que irá receber o seu soldo ao ser convocado para ir à guerra, naturalmente ele irá combater e arriscar a própria vida, pois os seus familiares estarão amparados pelo Estado. Dificilmente um soldado irá se revoltar contra o Estado ou contra os seus superiores se houver o risco de perder o seu soldo e os seus direitos. Ou, como o escravo, combaterá de um jeito ou de outro porque a morte o aguarda se fugir. A sua vida é o seu “soldo”. Uma tropa pode se rebelar contra o seu comandante por motivos vários, desde os políticos ( infelizmente mais atual) até a melhoria dos soldos. Porém, o soldado tem que ter segurança que os seus direitos, o seu soldo, serão respeitados pelo Estado. Nenhum soldado, em sã consciência, “joga” o seu soldo numa mesa de apostas. O “grosso da tropa” é o soldado que obedece às ordens. Sem a garantia do soldo, ninguém vai, nem mesmo por “paixões” políticas. Somente o Estado ou outro poder que tenha “dinheiro” para garantir os soldos dos soldados é quem “convence” o “grosso da tropa” a ir à guerra. O patriotismo é a grande alavanca da guerra, que será mais eficiente SEM PERDER O SOLDO!

Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.

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