Liberada pela Polícia Civil após prestar depoimento nesta quinta-feira (10), Ana Júlia Azevedo Ribeiro, de 29 anos, se pronunciou pela primeira vez publicamente na manhã desta sexta-feira (11) sobre o caso envolvendo seu marido, Gil Romero Machado Batista, de 41 anos, preso pelo homicídio de Débora da Silva Alves, de 18 anos, que estava grávida de oito meses.
Em entrevista coletiva, Ana Júlia havia dito que se apresentou à polícia ao saber pela imprensa sobre mandado de prisão contra ela. A polícia considerou inicialmente, na investigação, que Ana Júlia havia mentido no primeiro depoimento, mas depois descartou o envolvimento dela no caso.
“Eu fiquei sabendo do ocorrido no domingo [30 de julho], depois que cheguei do meu trabalho e vi o meu marido sendo questionado pelo irmão da Débora sobre o desaparecimento dela. O irmão dela foi e perguntou: ‘cadê a minha irmã?’ Então, eu me assustei e perguntei o que estava acontecendo. Eu não tava sabendo de nada. Nunca tive nenhum tipo de relação com a Débora também”, afirmou, ao lado do advogado Vilson Benayon.
“Eu nunca tive nenhum tipo de ligação com a Débora. A Débora apareceu na minha vida através de um relacionamento que ela teve com o meu irmão. Eu nunca, nunca, cheguei a conversar com essa garota de forma alguma. Até porque a minha vida era trabalho, casa, casa e faculdade. E assim sucessivamente. Ela estava nas minhas redes sociais por motivo de ter me adicionado por ter contato com a minha família da minha mãe, que morava na Zona Leste”, disse.
Ela também disse que não tinha ideia do paradeiro do marido ao saber sobre o crime. “Eu não tinha nem ideia de onde ele estava. Tanto que eu saí com a mãe dele desesperada para saber se ele estava nas proximidades de lá [ao mencionar o bairro onde moravam]. E de lá já não conseguia saber mais nada”, relatou.
Ana Júlia disse que vivia com Gil Romero há 14 anos e que nunca invadiu a privacidade do marido. “Nunca peguei no celular dele. Não sabia da gravidez da moça”, afirmou.
“Eu tô assustada, tô perplexa com toda essa situação que está acontecendo. Eu tinha um sonho que era trabalhar concluir a faculdade de Direito, eu não imaginava que ele teria coragem de fazer isso. Eu me sinto uma vítima também, eu perdi meu emprego, minha vida”, afirmou.
“Eu não reconheço esse homem, nunca conheci esse lado, pelo contrário ele era acolhedor e sempre ajudou as pessoas, eu tô sendo julgada por uma situação que eu não tinha ideia que estaria acontecendo”, disse Ana Julia.
O advogado Vilson Benayon rebateu declarações de familiares da família da vítima de que Ana Júlia seria uma mulher trans e queria o bebê de Débora. “A principal indagação das autoridades naquele momento era se Ana Júlia era mulher trans, pois a mãe da vítima informou aos meios de comunicação que a minha cliente era mulher trans e queria o filho de Débora”. “A Polícia Civil excluiu Ana Júlia do inquérito policial por ausência de provas, e por ter certeza da não participação da minha cliente no crime”, acrescentou.
Vilson Benayon disse que ainda não teve acesso ao processo sobre o caso. “Nós ainda não tivemos acesso aos autos. Os advogados que estão representando Gil Romero são da Defensoria Pública do Estado. Então, por ser um processo que corre em sigilo absoluto. ninguém tem acesso a esse autos”, afirmou o advogado.
Foto: Soraia Joffely/ATUAL
*Amazonas Atual