Pelo menos 7 suspeitos foram mortos em confrontos nesta sexta-feira (10) durante uma megaoperação integrada contra o Comando Vermelho (CV) em vários pontos do Rio de Janeiro — no dia seguinte à morte, em tiroteio, de um dos chefes da facção.
Agentes tinham ido para 15 comunidades ou bairros na Região Metropolitana do RJ (veja abaixo o balanço).
Seis das mortes aconteceram de madrugada, em uma ação do 41º BPM (Irajá) no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte. Segundo a PM, as equipes foram recebidas a tiros, houve revide, e 6 homens acabaram mortos.
Outro suspeito foi morto por agentes do 15º BPM (Duque de Caxias) no Complexo da Mangueirinha. Cinco homens foram presos lá.
Houve ainda prisões na Gardênia (1) e na Tijuquinha (2).
“Importante enfatizar que a operação começou ontem, no trabalho que foi feito com a neutralização do Matuê, da organização narcoterrorista do Comando Vermelho, responsável pela sanha expansionista na Zona Sudoeste”, disse o chefe da Polícia Civil, secretário Felipe Curi, durante coletiva de imprensa.
“Foi encontrada uma urna na Muzema para que as pessoas depositassem o valor que tinham que entregar para a organização criminosa”, prosseguiu Curi.
A instalação das urnas na Muzema foi feita com o objetivo de evitar a exposição de criminosos, segundo o secretário.
“Muitas prisões eram feitas justamente durante esses momentos de cobrança. Por isso eles colocaram essas urnas. O trabalho de investigação, de inteligência, acabou detectando essa nova forma de cobrança.”
Segundo o subsecretário de Planejamento Operacional, Carlos Oliveira, foram realizados bloqueios significativos relacionados aos recursos financeiros da facção criminosa.
“Já tivemos um bloqueio de R$ 6 bilhões em relação ao Comando Vermelho. É um baque importante para a organização criminosa.”
Balanço da ação desta sexta-feira:
- 15 comunidades impactadas
- 19 presos
- 7 mortos
- 10 fuzis apreendidos
- 2 granadas apreendidas
- 11 toneladas de barricadas retiradas
Onde houve operação?
- Bateau Mouche (Praça Seca): Batalhão de Choque
- Chacrinha (Praça Seca): Choque
- Cidade de Deus: Bope
- Complexo da Mangueirnha (Duque de Caxias): 15º BPM (Caxias)
- Gardênia Azul: Bope
- Morro da Caixa D’Água (Quintino): Choque
- Morro do Banco (Itanhangá): Polícia Civil
- Morro do Dezoito (Água Santa): 3º BPM (Méier)
- Morro do Jordão (Taquara): Choque
- Morro do Juramento (Vicente de Carvalho): 41º BPM (Irajá)
- Muzema (Itanhangá): Polícia Civil
- Pendura-Saia (Praça Seca): Choque
- Rio das Pedras: Polícia Civil — comunidade dominada pela milícia
- Tijuquinha (Itanhangá): Polícia Civil
- Vila Kennedy: 14º BPM (Bangu)
Impactos
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, uma clínica da família que atende a região de Rio das Pedras mantinha o atendimento à população, mas suspendeu as visitas domiciliares.
Já a Prefeitura de Duque de Caxias informou que as aulas foram suspensas na Escola Municipal Hermínia Caldas da Silva, na Creche Municipal Abner Marques de Abreu e na Creche Pré-Escola Parteira Maria Odete.
Operação Contenção
A mobilização desta sexta foi mais uma etapa da Operação Contenção, uma iniciativa permanente de combate ao avanço do CV por territórios do Rio de Janeiro.
O objetivo é desarticular a estrutura financeira, logística e operacional da organização criminosa, além de prender traficantes que atuam na região. “Desde abril, 98 criminosos foram capturados e outros 10 foram neutralizados em confronto”, informou a Polícia Civil.
Um desses “neutralizados” é Ygor Freitas de Andrade, o Matuê, apontado como chefe do tráfico da Gardênia Azul e da Chacrinha. Ele e 2 seguranças foram mortos ao reagir a tiros ao cerco da Polícia Civil.
Contra Matuê havia 3 mandados de prisão em aberto. Ele coordenava as invasões do CV às comunidades da região e era investigado por ter disparado o tiro que matou o policial civil José Antônio Lourenço, em maio. Ele também teria participado do confronto de agosto que deixou 6 mortos.
“Estávamos monitorando esse marginal há muito tempo. Hoje [quinta-feira], foi feita uma operação cirúrgica para capturá-lo”, narrou Curi. “No momento da abordagem, ele e os seguranças reagiram e foram neutralizados.”
O secretário afirmou ainda que a comunidade da Chacrinha funciona como uma base estratégica do Comando Vermelho. Segundo ele, é a partir desse ponto que os criminosos partem para expandir a atuação na Zona Oeste.
Fonte: G1/Foto: Reprodução
