Início Linhas Tortas O Jovem General: a razão de tudo

O Jovem General: a razão de tudo

0

Por volta das 6 horas da manhã, o general se aproxima do refeitório. Os oficiais prestam continência e lhe desejam um “bom-dia”. O comandante do Regimento de Carros de Combate, um típico gaúcho da fronteira, comenta: “Bah, meu general! Parece que, logo cedo, uns “morcegos” resolveram dar umas “rasantes” no acampamento”. O general dá um leve sorriso e responde: “Os morcegos dos pampas são pacíficos, comem insetos ou sugam o néctar das plantas. Na verdade combatem as pragas e polinizam as flores das plantas”. Depois, ele se aquieta e bebe um gole de café. Seu semblante é calmo, mas introspectivo. Meia hora depois todos os oficiais comandantes e o Estado-Maior se reúnem com o general na barraca do Comando. Lá fora, a neblina ainda cobre a maioria das viaturas, mas o pessoal já inicia o “levantar acampamento”. Alguns carros de combate começam a esquentar seus potentes motores. É o momento dos mecânicos e a guarnição dos carros realizarem os ajustes mecânicos, completar os tanques de combustível e conferir a munição dos canhões. O general passa o olhar em cada rosto à sua frente. “Vocês já pensaram sobre o porquê de estarmos todos juntos na mesma Brigada? Todos os coronéis comandantes, oficiais superiores e boa parte dos capitães já serviram comigo e fizemos amizade na peleja dos acampamentos, das manobras e dos cursos. Já fui capitão de uns, major de outros, coronel comandante de mais alguns. Até cadetes, alguns, fomos juntos. Nas Vilas Militares nossas famílias se conheceram. Alguns filhos até se casaram com nossas filhas. Só padrinho de crianças perdi as contas. E, nesse exato momento, Deus nos juntou aqui, nessa Brigada. Deve haver um motivo. Infelizmente, o único coronel que ainda não havia servido comigo me deu um tiro!”. Emocionado, o general olha para o seu Chefe do Estado-Maior, o seu melhor amigo e compadre. “Pois bem, a nossa missão é chegar até Porto Alegre. E por que faremos isso? Vivemos um momento histórico em que os muros dos quartéis, agora, servem para “esconder” a vergonha de ser militar. Os quartéis deixaram de ser “fortalezas” da Pátria. Cada um quer receber o seu soldo e sumir pelos corredores do anonimato. O Brasil está “pegando fogo” e os militares fingem que não veem. Deixam para os “bombeiros de plantão”, o outro, tentarem resolver! Estão “chutando nossos traseiros” todo dia e o fazem tanto aquele que pensa que “pode” como aquele que “jamais” poderia. Parece que somos piores do que “qualquer um”. Até “infiltrados” entre nós já é possível imaginar. Lealdade e camaradagem estão ficando “démodé”. Tudo indica que tomaram o nosso país no “peito”, na base do “perdeu mané” dito por uma autoridade máxima do Judiciário. A cada dia, como um câncer incurável, infectam a nossa honra, nos extirpam um “naco” da nossa liberdade, censuram nossas conversas, nossas ideias. Todos nós somos “povo” e dele fazemos parte. A liberdade do brasileiro “se esfarinha” a cada dia junto com o próprio Brasil. É possível acabar com essa tirania, com essa disputa para saber quem é mais déspota, mais cruel, mais corrupto, mais “carrasco”? Temos 490 quilômetros pela frente até Porto Alegre e vamos “defender” cada quilômetro com as nossas vidas, se preciso for. Venderemos “caro” a vida de cada um de nós que “cair por terra”! Cada viatura já está com a Bandeira Nacional amarrada à sua estrutura. Nos bolsos de cada combatente, seja oficial ou simples soldado, está um “pedaço” da nossa Bandeira Nacional, “rasgada” em pequenas partes em cerimônia nos quartéis e depois distribuídas à tropa. Cada viatura é um “torrão sagrado” do Brasil. Cada farda, um símbolo da Pátria. Nossa maior força não são os poderosos canhões que temos, mas o patriotismo que faz “vibrar” nossos corações, o nosso exemplo cívico e o amor pelo Brasil! Somos o “início do fim”. Os outros que vierem, Deus mandará e se juntarão a nós! Não estamos fazendo “greve”, não estamos reivindicando direitos. Desejamos que o Brasil nos observe. Desejamos que os brasileiros de bem nos observem. Desejamos que os políticos de bem nos observem. Desejamos que os militares vibrantes nos observem. Há uma ”Força maior que tudo e todos”, e, agora, nós somos parte dessa “Força”!”. Deus seja louvado!”

Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile

Last Updated on 25 de maio de 2023 by Graziela Pinheiro