O JOVEM GENERAL – o medalhão de ouro

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O general “leva o tiro”, desequilibra e cai. Os outros tiros, lhe pareceu que levou todos no corpo, tal a forte contração dos próprios músculos. Rapidamente, o médico e Diretor do Hospital de Guarnição, um dos coronéis presentes à reunião, atende ao general. Alguns oficiais ajudam o coronel atingido. Chamados de “ambulância urgente” ecoam pelas paredes do Quartel-General. O Diretor do Hospital abre a camisa do general e, surpreendentemente, não há sangue em abundância, como seria o comum num caso desses. Ele nota, pendurado por uma corrente no pescoço do general, um medalhão de ouro de quase quatro centímetros de diâmetro. O projetil da arma se alojou ali, sem transpassar e atingir o peito do general. O medalhão, em ouro e prata, com o brasão do Império, foi um presente do seu tataravô, sargento-mor de D. João VI, que passou de herdeiro a herdeiro até chegar ao general. Ele o usava por baixo da farda. Nesse momento chega uma maca e enfermeiros. O general se levanta, ainda com dores no peito em função do forte impacto, e manda que atendam o coronel ferido gravemente. Uma hora depois, com todos já refeitos dos últimos acontecimentos, o general dá ordens para iniciar a “marcha para o combate”. Do hospital, em cirurgia de emergência, vem a notícia de que o coronel está fora de perigo de vida. A ordem de saída das unidades inicia com o comando da Brigada à frente, seguido pelos Esquadrões do Regimento de Cavalaria Blindada e demais Unidades instaladas na cidade. As outras Unidades, localizadas em algumas cidades do Rio Grande do Sul, e mais distantes, sairão sob ordem dos respectivos comandantes. Antes de sair, o general deixa a “carta” com o seu cabo motorista para que seja entregue à sua esposa Denise, além de orientações de cuidados especiais na Vila Militar ao oficial gestor da Vila Militar. Em menos de quatro horas, todas as unidades já estão na Br-290. Boa parte está na altura de Alegrete/RS e o restante saindo de Uruguaiana/RS e região próxima. A direção geral da marcha para o combate é a capital Porto Alegre, a quase 500 quilômetros dali. O alvoroço criado nas ruas da cidade, pela passagem do comboio militar, foi assunto da manhã nas casas e ruas. Um canal de televisão foi avisado e imagens de celular chegaram em abundância ao editor do canal televisivo da região. Mal as “lagartas” dos Carros de Combate começaram a “triturar” o asfalto da rodovia Oswaldo Aranha, já os canais de notícias mostravam as imagens do imenso comboio que tomou a principal rodovia federal do Estado. Os boatos circulavam. “O Exército está nas ruas”! O primeiro “alto horário” foi a uns trinta quilômetros à frente. Parte do Batalhão Logístico já esperava a tropa com o almoço pronto, acantonada numa grande área ao lado da rodovia. Ali, o Comando da Brigada de Cavalaria Blindada aguardaria as Unidades vindas de Uruguaiana e região para se juntar ao “grosso da tropa” e seguir destino. Não sairiam desse local em menos de 24 horas. A dor no peito ainda incomoda o general. Ele toca no medalhão pendurado no seu pescoço, agora com parte do projetil incrustado no ouro e na prata. O general não quis retirar o projetil. Por volta das 14 horas o seu telefone toca. É o general Comandante da 3ª Divisão de Exército – “Divisão Encouraçada”, sediada na cidade de Santa Maria/RS, a uns 200 quilômetros dali.

Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.

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