O JOVEM GENERAL – solidão do silo

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“Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque chorei demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe só levo a certeza de que muito pouco sei ou nada sei (…)” (“Tocando em frente”, melodia e letra de Almir Sater e Renato Teixeira). O silo é uma construção específica, tem o formato de um tubo e, olhando de baixo para cima, confunde o começo e o fim do lado em que se está. A dor, a fome e o cansaço começam a confundir a mente do Todo Poderoso. Talvez esteja com febre. Sente tontura e náuseas. Pelas imagens das duas câmeras ali instaladas, uma no alto próximo à saída do cano de água e a outra, do lado de fora, bem em frente à porta da cela, o major Skrieger, fazendo um “zoom”, observa que há algo errado no pé do Todo Poderoso. Alguns minutos depois, ele chega à cela com um médico e dois enfermeiros. O Todo Poderoso se assusta e fica tenso. O major Skrieger entra com o pessoal, algema o Todo Poderoso e o coloca sentado. “O que foi isso?”- pergunta ao Todo Poderoso. “Chutei a parede pensando que fosse a sua cara!”- responde o Todo Poderoso. Silêncio. O major Skrieger sinaliza ao médico para examinar o Todo Poderoso. O diagnóstico é retirar a unha. É dada uma anestesia local e a unha sai com um “grunhido” do Todo Poderoso. Depois é realizado um curativo e dado um antibiótico para ele tomar com água, junto com um analgésico. Um tempo depois, o Todo Poderoso aperta o botão vermelho e desce água morna, como ocorreu nos últimos dias. Também, o tempo de escoamento da água reduziu para 1 minuto, evitando que o piso inundasse. E é o suficiente para ele tomar um banho rápido. Um colchão de espuma foi fornecido, também. Desses de espessura fina. A alimentação tem sido a ração operacional, fornecida à tropa quando em campanha. É servida uma vez ao dia e já vem pronta e quente no prato de papel. Com isso, ele interrompeu o processo de emagrecimento, apesar de, no início, ter tido uma pequena diarreia. São quatro horas da manhã, em Brasília. “Jordão, é você?!” – pergunta o General. Com o telefone criptografado é possível arriscar uma conversa. Do outro lado: “Sim, General, sou eu” – responde o deputado, meio sonolento. “Pressione o relator e o presidente da “CPMI-8 de jan” para convocar o general Losdíaz”. Esse militar não pode ficar de fora, sem ser interrogado. Ele estava presente durante toda invasão do prédio da Eclésia”. – Fala o General. “Sim, mas eles não convocaram o general! Foi uma “cachorrada”. Ele é testemunha fundamental. General, você tem uma ideia de como pressionar eles?” – pergunta o deputado. “Sim, fale com o presidente da Comissão amanhã à tarde. O resto deixa comigo”. E desliga.

Por: Elias do Brasil / escritor e historiador, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e articulista.

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