A República Juliana ou República Catharinense Livre e Independente foi um Estado Revolucionário proclamado na então Santa Catharina, que constitui o atual Estado de Santa Catarina, em 24 de julho de 1839, e que perdurou até 15 de novembro do memo ano. Foi uma extensão da Revolução Farroupilha (1835-1845), iniciada na província vizinha do Rio Grande do Sul, onde havia sido proclamada a República Rio-Grandense (1836-1845). (…) Após, foi organizada a República Juliana, sendo convocadas eleições para a constituição do governo. David Canabarro ficou à frente do governo da nova república até 7 de agosto de 1839, quando foi convocado o colégio eleitoral. Foram eleitos para presidente o tenente-coronel Joaquim Xavier Neves e para vice-presidente o padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro. Ocorreu que Xavier Neves ficou em São José bloqueado pelas forças imperiais, então o padre Vicente Cordeiro assumiu a presidência. (DUMAS, Alexandre: Memórias de Garibaldi/2.000). A República Juliana foi assim denominada por causa do mês de julho de sua formação. Ainda não tem duzentos anos da sua organização, porém, certamente já caiu no esquecimento da maior parte dos brasileiros. Aliás, da maioria que, provavelmente, jamais ouviu ou soube desse episódio da história do Brasil. Quem, hoje, pode ir lá na região, fica deslumbrado com os arranha-céus do balneário de Camboriú, em Santa Catarina, perto da ilha de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) que o revolucionário Garibaldi não conseguiu conquistar das forças imperiais. As picadas barrentas que dificultavam a progressão das tropas revolucionárias, em função do inverno úmido da região, agora se tornaram vias expressas para veículos de todos os destinos, inclusive estrangeiros. Parece um outro país, algo entre os Emirados Árabes e Nova Iorque. O brasileiro de hoje, em geral, não sabe quase nada da história do Brasil, a sua pátria. Não sabe e parece que nem se interessa em saber. As escolas, há algum tempo, também não dão essas aulas de história e nem cultivam a memória nacional isenta de ideologia. Hoje, alguns apátridas desejam esquecê-la, ou melhor, “rasgar do mapa” o Brasil do passado. Alguém sabe qual o nome da capital do Acre? Se se perguntar a uns dez que passam na rua da Consolação, em São Paulo, boa parte, provavelmente, não saberá responder à pergunta e não se duvide que alguns desconheçam a localização do Acre. Gostaria muito que fosse um exagero de retórica. Um detalhe importante da história da República Juliana é a composição dos eleitos para governá-la: um tenente-coronel como presidente e um padre como vice. Eleitos pelo povo cristão e patriota da época. Igreja, povo e exército. Repito: o povo, o exército e a igreja. Na História da Humanidade esses três elementos sempre estiveram juntos nos momentos críticos da sociedade, pelo menos dois iniciam e depois o outro se une à luta. O Brasil, onde boa parte de brasileiros são quase inúteis como integrante da Nação, passa por um “racha” entre esses três atores essenciais para a existência de um povo. Não se entendem. A Igreja não sai da igreja, seu abrigo. As forças militares não saem dos quartéis, seus refúgios. O povo está “à Bangu”. O brasileiro não demonstra, de forma realística, ser o dono da Nação e não defende, incisivamente, aquilo que deveria ser seu; só cuida do próprio nariz, principalmente quando perde alguma coisa importante, como o emprego ou a liberdade. De resto, fica “pianinho” no seu canto nem sempre tão confortável e que se lasque o resto. Será que o Brasil é muito grande ou será que o seu povo é muito pequeno? A República Juliana, lá atrás, responde a essa pergunta. MAS, QUEM ÉS TU, JULIANA?
Elias Do Brasil