Doze pessoas morreram afogadas enquanto tentavam alcançar alimentos e insumos que caíram no Mar Mediterrâneo, durante uma tentativa de entrega de ajuda humanitária aerotransportada em Gaza. A informação foi confirmada por autoridades do enclave palestino, que pediram pelo fim da entrega por via aérea e o aumento das entregas por via terrestre.
As pessoas entraram na água a partir de uma praia no norte de Gaza, na tarde de segunda-feira, para alcançar as entregas enviadas pelo ar, de acordo com Ahmed Abu Qamar, pesquisador do EuroMed Rights, um grupo de direitos humanos baseado em Gaza, que disse ter falado com testemunhas. Ele também disse que pelo menos uma pessoa ficou presa em um paraquedas.
De acordo com autoridades de Gaza, outras seis pessoas morreram em um tumulto, após a retirada da ajuda humanitária do mar. O Hamas pediu a suspensão das operações aéreas e pediu a abertura do mais acessos terrestres para a chegada de ajuda humanitária.
O Pentágono confirmou ter lançado intencionalmente os pacotes de ajuda humanitária sobre a água para mitigar danos potenciais caso os paraquedas não abrissem — no início deste mês, autoridades de Gaza afirmaram que pelo menos cinco palestinos morreram quando pacotes de ajuda aéreos caíram sobre eles na Cidade de Gaza. A ideia era que os pacotes chegassem à terra pela deriva do vento.
A ajuda, insuficiente para os 2,4 milhões de habitantes de Gaza, entra sobretudo pelo Egito, através de Rafah, e com muita dificuldade chega ao norte do território. A Casa Branca disse que os lançamentos são uma tentativa de aumentar o fluxo de ajuda.
Por outro lado, os habitantes de Gaza relatam que, ao ver os paraquedas, muitos correm para se antecipar ao pouso, empurrando uns aos outros e até mesmo brigando entre si.
— As pessoas morrem por uma lata de atum — disse Mohamad al-Sabaawi, morador de Gaza mostrando a única conserva que conseguiu pegar
As Nações Unidas e outras organizações humanitárias afirmam que os caminhões são o meio mais barato, mais seguro e mais eficaz de entregar ajuda a Gaza. Apesar disso, vários governos, incluindo os dos Estados Unidos, França, Jordânia e Egito, utilizaram lançamentos aéreos nas últimas semanas. (Com NYT e AFP).
Fonte: O Globo/Foto: AFP PHOTO / CROWN COPYRIGHT 2024 / MOD / AS1 LEAH JONES / RAF