Pandemia piorou alimentação de crianças e adolescentes

Publicado em

A crise sanitária provocada pelo novo coronavírus aumentou outro problema que os especialistas também chamam de pandemia: a obesidade infantil. Em audiência nesta segunda-feira (5) da comissão externa da Câmara dos Deputados que discute as políticas para a primeira infância, eles apontaram a urgência de iniciativas para atenuar consequências da Covid-19 como a má alimentação de crianças e adolescentes e a falta de atividades físicas, dois determinantes diretos para o excesso de peso.

Os debatedores fizeram um panorama da situação dos menores de 18 anos diante do confinamento imposto pela pandemia: mais tempo usando telas, mais inatividade e o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Para as famílias mais vulneráveis, das classes D e E, a perda de renda e o aumento no preço dos alimentos mais saudáveis agravaram a situação de insegurança alimentar.

Representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Cristina Albuquerque mostrou que, em 13% das famílias que têm crianças e adolescentes, os menores de 18 anos tiveram problemas de acesso a alimentos por falta de dinheiro. Em 61% delas, aumentou o consumo de fast food e refrigerantes e diminuiu o de frutas e verduras. Ela faz um prognóstico pessimista se não houver políticas públicas urgentes.

“Nós podemos ter, até 2025, 1 milhão de crianças e jovens no Brasil com pressão arterial elevada, outros mais de 100 mil com diabetes tipo 2 na fase adulta e 12,5 milhões de crianças obesas”, alertou Cristina.

Merenda escolar

Durante a audiência pública, representantes dos ministérios da Educação e da Saúde afirmaram que o combate à obesidade infantil é prioritário. A representante do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Solange Fernandes, informou que, desde o início da pandemia, o fornecimento de merenda escolar foi mantido, mesmo com escolas fechadas. Segundo ela, há uma determinação de que 75% das compras sejam de alimentos in natura.

Solange Fernandes citou ações em andamento, como a colocação de mensagens sobre alimentação saudável na contracapa de livros escolares e a confecção de um caderno de receitas indicadas para as creches.

A coordenadora da comissão externa, deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), salientou a importância da merenda escolar na nutrição infanto-juvenil.

“Muitas vezes as crianças se alimentam muito melhor dentro da creche, dentro da escola, do que na sua própria casa. Então o acesso a uma comida saudável é fundamental para que a gente possa ter um país não só com um futuro cognitivo muito melhor, mas também com um futuro de um país com jovens e adultos com mais saúde”, observou a deputada.

Pesquisas

Solange Fernandes ainda revelou os resultados de uma pesquisa de 2018 com 2.443 cardápios de creches: 62,8% não apresentavam variedade alimentar adequada e 90,9% incluíam alimentos ultraprocessados três vezes por semana. O levantamento deve ser repetido no segundo semestre de 2022.

A coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Gisele Bortolini, trouxe outros dados alarmantes: mais de 6 milhões de crianças e 9 milhões de adolescentes têm excesso de peso. Ela anunciou para ainda neste mês a assinatura de uma portaria instituindo o Proteja, um programa para estimular cidades mais saudáveis.

“São ações na atenção primária, ações na escola, no espaço verde, na questão dos ambientes, pensar a produção do alimento até o consumo. ‘No meu município são produzidos alimentos? Não são produzidos? A que preço eles são comercializados? Tem feira? Não tem feira?’, pensando em quanto a cidade pode apoiar aquelas famílias no acesso aos alimentos mais saudáveis”, afirmou Gisele.

Iniciativas legislativas

Cristina Albuquerque, do Unicef, cobrou do Congresso Nacional mudanças legislativas em temas como o aumento da tributação de bebidas açucaradas, como refrigerantes; a proibição de alimentação não saudável em cantinas escolares; e a redução da publicidade de alimentos ultraprocessados.

Já o representante da ONG Instituto Alana, Renato Godoy, pediu a atenção dos parlamentares para projetos sobre alimentação saudável em tramitação no Congresso, como a proposta (PL 4815/09) que proíbe a comercialização de brinquedos associada à de lanches.

*Agência Câmara de Notícias

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe

Assine Grátis!

Popular

Relacionandos
Artigos

Alexandre Correa vira réu após atacar irmã de Ana Hickmann

Ana Hickmann e Alexandre Correa continuam protagonizando embates turbulentos na...

MP cobra construção urgente de presídio para semiaberto em Manaus

O Ministério Público do Amazonas quer que o Estado...

Poupança pode ficar mais atrativa com a perda de isenção de aplicações como LCI e LCA?

O governo federal encaminhou ao Congresso Nacional uma MP...

Morte de empresário em Interlagos pode ter reviravolta com exames

A Polícia Civil espera laudos de exames que podem ser determinantes na resolução...