Reaproveitamento da madeira das palafitas demolidas e da vegetação dos canteiros de obras, recuperação do solo e contenção de erosões, reflorestamento com espécies nativas e remanejamento de animais silvestres. Estas são algumas das ações inovadoras que vêm sendo adotadas pelo Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+), que o colocam em sintonia com a agenda global da sustentabilidade, nessa nova fase iniciada na atual gestão do Governo do Amazonas. Um case a ser destacado na Semana do Meio Ambiente.
O programa, nesse novo enfoque, adota políticas de arborização, de preservação, reaproveitamento de resíduos, resgate da fauna e manejo do bioma, urbanizando uma área de 340 mil m², ao longo do Igarapé do Quarenta, em um trecho entre a avenida Manaus 2000, zona Sul, e a Comunidade da Sharp, zona Leste. O Prosamin+ é um programa executado pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb).
Reconhecido por promover requalificação urbanística, limpeza de igarapés, coleta, tratamento de esgoto e reassentamento de famílias das áreas de risco, o Prosamin+ agora contribui significativamente para transformar Manaus em uma metrópole ecologicamente correta.“O programa aproveita o que a natureza oferece, para recompor o que a ação humana degradou ao longo de décadas. Temos uma preocupação genuína com a requalificação ambiental nas áreas de intervenção”, explica o secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, engenheiro civil Marcellus Campêlo.
Uma das práticas nos canteiros de obras é o reaproveitamento total das madeiras das palafitas que estão sendo demolidas, à medida em que as famílias são reassentadas em moradias seguras, sem risco de alagação. Já foram retiradas 594 famílias, do total de 2.383 a serem reassentadas. As estruturas de madeira das casas são recolhidas e encaminhadas para olarias em Iranduba (a 23 quilômetros de Manaus), onde são queimadas nas caldeiras e viram energia para a produção de tijolos.
Em uma cidade que necessita de arborização, a supressão vegetal é toda reaproveitada e usada nas próprias comunidades. Os troncos maiores de 25 centímetros são fixados ao solo e usados como trilhas nas áreas de reflorestamento, enquanto os menores são triturados para servirem de adubo onde ocorrerá o reflorestamento.Em busca do que existe de mais moderno na contenção de taludes, pela primeira vez o vetiver é cultivado no Prosamin+. “São 36 mil mudas da gramínea (capim) de origem indiana, que tem entre as múltiplas utilidades a contenção de erosões, pois consegue se desenvolver em diversos tipos de solo. Suas raízes crescem até 6 metros de profundidade, fazendo com que fique submersa por longos períodos. Dessa forma, suportam a estiagem, são resistentes a queimadas, brotando continuamente”, detalha Marcellus Campêlo.
Outra característica do vetiver é que ele também é utilizado em projetos de fito remediação, ou seja, descontaminação da água e do solo, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade de vida da população da área do Prosamin+ e entorno, recuperando o que foi degradado, como explica o biólogo da UGPE, José Cintra. “É o processo pelo qual a planta remove substâncias poluentes da água ou do solo, e as utiliza em seus processos metabólitos”, ressalta.
Programa avança na fauna e flora
O Prosamin+ avança, também, cultivando e plantando, ao todo, 50 mil mudas, nas duas comunidades – Sharp e Manaus 2000 –, entre paisagismo e espécies nativas. “Estamos utilizando Buriti, Bacaba, Sumaúma, Tucumã, Seringa, Alamanda, entre outras espécies já habituadas ao nosso clima e que cumprirão com perfeição esse papel de reflorestamento”, afirma o biólogo.
No processo de recuperação arbórea estão sendo utilizadas mais de 30 espécies, divididas estrategicamente em grande, médio e pequeno portes. O Prosamin+ está reflorestando uma área total de 110.521,40 m² na capital amazonense. “Quando realizamos esse trabalho de arborização, estamos impactando diretamente no clima da cidade. Criando condições favoráveis para melhorar a temperatura e favorecendo a criação de microclimas, que dão sensação de conforto térmico”, aponta Camila Fuziel, técnica da Subcoordenadoria de Meio Ambiente da UGPE.
Quem passou as últimas décadas na área de intervenção e viu os danos ambientais se multiplicarem, reconhece a importância do trabalho que está sendo realizado. “É uma transformação radical para melhor. Essa iniciativa de valorizar a natureza, faz a diferença”, comemora a artesã Emilene Mariano, moradora da Comunidade da Sharp, há mais de 20 anos.
Foto:Tiago Corrêa/Sedurb
*A crítica