Herói francês nas quartas de final do futebol masculino na Olimpíada de Paris, o atacante Jean-Philippe Mateta tem sofrido ataques racistas desde que marcou o gol da vitória por 1 a 0 da França sobre a Argentina, nesta sexta-feira (2).
O jogador de 27 anos, que atua pelo Crystal Palace, marcou de cabeça aos 5 minutos o único gol da partida em Bordeaux. A França seguiu à semifinal, para enfrentar o Egito, e a Argentina vai voltar para casa.
Desde então, as fotos de seu Instagram foram inundadas por comentários racistas, a grande maioria de contas argentinas.
Mateta, vale lembrar, é francês legítimo, filho de mãe francesa e de pai congolês — e ex-jogador. Ainda assim, diversos dos comentários racistas em sua conta usam a bandeira da Angola.
Entenda o caso
A partida decisiva pelos Jogos Olímpicos de Paris aconteceu poucas semanas depois da polêmica gerada pela comemoração da seleção argentina principal ao vencer a Copa América, nos Estados Unidos.
Na ocasião, uma live do volante Enzo Fernández, do Chelsea, mostrou o momento em que os jogadores começam a cantar uma música racista e transfóbica.
O canto entoado pelos jogadores já era conhecido e foi criado por argentinos durante a Copa do Mundo de 2022, quando o país venceu a França na final do torneio.
“Eles jogam pela França, mas são de Angola. Que bom que eles vão correr. Eles se relacionam com travestis. A mãe deles é nigeriana, o pai deles, cambojano. Mas no passaporte: francês”, diz parte da letra.
Partida terminou em pancadaria
Com toda a tensão envolvida pelos acontecimentos recentes, a partida no Stade Matmut-Atlantique, em Bordeaux, como era de se esperar, terminou em pancadaria, que se estendeu aos vestiários.
Após cerca de cinco minutos de confusão não filmada pela transmissão da Olimpíada, alguns jogadores da França voltaram ao gramado para celebrar a vaga na semifinal.
A França enfrenta o Egito por vaga na semifinal na próxima segunda-feira (5), às 16h (de Brasília). A outra semifinal terá Espanha x Marrocos.
Técnico da Argentina relativizou a polêmica
Por mais que os jogadores da Argentina na Olimpíada não estivessem envolvido nos cantos racistas contra franceses, o técnico da seleção olímpica, o ex-jogador Javier Mascherano, acabou se envolvendo.
“Tentam tornar as coisas muito maiores do que de fato são”, disse ele, antes dos Jogos Olímpicos. “Nós argentinos não somos racistas. Creio que a coisa foi tomada fora de contexto. Como país, somos totalmente inclusivos. Gente de todos os lados do mundo vive na Argentina e tratamos como devem ser tratados”.
Foto:Juan Manuel Serrano Arce/Getty Images/ *CNN Brasil