A Universidade de São Paulo (USP) vai liberar mais 148 novas vagas para contratação de professores na expectativa de encerrar a greve de alunos, que começou há duas semanas. Segundo o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, são vagas para docentes efetivos que estavam previstas para o ano que vem e foram adiantadas. O anúncio foi feito em reunião nesta quarta-feira, dia 4, com os representantes dos estudantes grevistas.
Os alunos farão uma assembleia para decidir se continuarão a greve na segunda-feira. Segundo eles, algumas das reivindicações ainda não foram atendidas.
Em uma década, a universidade perdeu 800 professores, que não puderam ser repostos por crise orçamentária e por causa da pandemia. O problema se intensificou neste ano, com o cancelamento de disciplinas obrigatórias.
Em 2022, a reitoria havia autorizado a contratação de 879 profissionais, de forma escalonada, até 2025, mas adiantou as vagas para este ano após pedidos e pressões. Mesmo assim, os ânimos não se acalmaram e a greve eclodiu.
Nos últimos dias, a tensão aumentou com barricadas nas portas das unidades. Professores foram proibidos de entrar para dar aula e estudantes contrários à greve relataram hostilidades sofridas por colegas que apoiam a paralisação. O movimento nega qualquer tipo de violência.
Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um professor ameaçou um aluno com uma faca nesta terça-feira. Os estudantes queriam paralisar em apoio à greve da USP e dos trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp. A Polícia Civil e a reitoria investigam o caso.
Reunião ‘produtiva’
Segundo os estudantes do Diretório Central de Estudantes (DCE Livre) que participaram da reunião nesta quarta, a conversa foi “produtiva e teve resoluções importantes”, mas ainda faltam pautas a serem debatidas, como o aumento das bolsas de auxílio e permanência e questões específicas da Escola de Artes e Ciências Humanas (EACH).
Uma nova conversa com a reitoria acontecerá na manhã da segunda-feira, dia 9, antes da assembleia-geral estudantil.
O reitor reiterou aos alunos que as unidades também poderão chamar professores temporários enquanto a contratação do docente efetivo não é finalizada. O processo de seleção costuma demorar meses pelo rigor e pelos prazos regimentais.
“A gente não vai parar enquanto eles não cederem tudo: professores e permanência”, disse o estudante Davi Barbosa, diretor do DCE Livre da USP. “Esses compromissos da reitoria hoje são conquistas do movimento grevista”, afirmou.
Nesta terça-feira, dia 3, a diretoria da São Francisco mandou comunicado aos professores recomendando aulas online entre os dias 4 e 11. A direção pediu ainda que não houvesse provas nem cobrança de frequência nesse período.
*R7/FOTO: MARCOS SANTOS/USP IMAGENS