Segundo dados do Panorama do Setor de HPPC 2023, publicado no mês passado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o mercado brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos é um ‘setor empreendedor’ cujo número de empresas está em crescimento De 2021 a 2022, o setor cresceu 3,5%.
De acordo com levantamento atualizado em junho de 2023, o Brasil tem 3.483 empresas atuando no mercado de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC). A região com mais empresas é a Sudeste, com 2.053 empresas. Em segundo lugar, vem a região Sul, com 722 empresas.
O relatório da ABIHPEC aponta ainda que este setor gera cerca de 5,6 milhões de oportunidades de trabalho para os brasileiros, número que também aumentou de 2021 para 2022, indicando o aquecimento do setor. São vagas de emprego distribuídas entre indústrias, franquias, consultorias de venda e salões de beleza
Fabiana Alves é CEO da HB HEALTH & BEAUTY, uma das empresas que integra este panorama, e afirma que ’em termos de consumidores, movimentação de receita e tecnologia, o mercado brasileiro de cosméticos já mostrou ser uma potência’. Como prova desse potencial, ela cita, além dos dados publicados pela ABIHPEC, as feiras e eventos do setor, que movimentam bilhões de reais todos os anos, e inovações tecnológicas no desenvolvimento de produtos nacionais.
A ABIHPEC tem, inclusive, uma premiação destinada exclusivamente às inovações no setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos no Brasil. O prêmio, chamado de Inovação ABIHPEC, é coordenado pela área de inovação e tecnologia da associação e tem como objetivo ‘reconhecer as empresas fabricantes de ingredientes que têm contribuído com o aumento da competitividade da indústria brasileira de HPPC, por meio da implementação de projetos inovadores’.
Entre os finalistas deste ano está, por exemplo, um polímero bioderivado que potencializa a eficácia do condicionamento de produtos capilares. Outro ingrediente que tem sido bastante utilizado nas inovações em cosméticos são os peptídeos, conta Fabiana. ‘Existem vários peptídeos com funções específicas. Eles podem atuar como hormônios, neurotransmissores e em processos de defesa imunológica’, diz. ‘Na indústria cosmética, são utilizados em produtos para cuidados com a pele, por estimular a produção de colágeno, e capilares, como um escurecedor natural de fios brancos e grisalhos’, detalha a CEO.
Segundo a página do prêmio, a inovação gerada pelo produto ou ingrediente desenvolvido pode ser uma que agregue valor ao consumidor ou gere diferencial competitivo, aquecendo o mercado. Dados globais da McKinsey apontam que o mercado de beleza (incluindo perfumes, cosméticos e cuidados capilares) vai crescer nos próximos quatro anos, com uma expectativa de atingir 580 bilhões de dólares em 2027.
‘O consumidor está cada vez mais exigente e atento às novidades. Tudo que vier para facilitar a vida do cliente vai vender’, resume Fabiana. Para ela, os dados sobre o mercado nacional somados às tendências de crescimento global indicam o potencial da indústria brasileira de cosméticos. ‘Um produto à base de peptídeos, que escurece os fios de forma natural, mas pode ser usado em casa com toda a segurança, é um exemplo de inovação que atrai o consumidor de HPPC atual’.
Uma das tendências apontadas pela McKinsey que se inserem nesse cenário de expansão é a preocupação do consumidor com o bem-estar. Segundo as análises da organização, produtos que têm efeitos no bem-estar, para além da aparência, representam uma oportunidade de quase 2 trilhões de dólares para as marcas, vendedores e investidores.
‘O mercado precisa focar, agora, no desenvolvimento de produtos que permitam a fusão de beleza e saúde. Acredito que os empreendedores que não tiverem este olhar diferenciado, voltado às novas descobertas, vão acabar ficando para trás’, afirma. ‘O Brasil é repleto de matérias-primas e cientistas voltados para o mercado de cosméticos. Temos um rico material nas mãos’, finaliza Fabiana.
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*Estadão Conteúdos