Dona Ivone é uma ”gari”. Quem a conhece imagina que ela tenha uns sessenta anos. Porém, pode ser que tenha cinquenta e poucos. O sofrimento cobra o seu preço. Ali, no meio da multidão, sua vassoura vai raspando a calçada e o canto da rua, limpando a sujeira, tirando o pó que cai dos arranha-céus. Invisível aos olhos da maioria dos que passam, só não tropeçam nela porque, sabiamente, ela sai do caminho. Porém, um “bom-dia, Dona Ivone!” lhe abre um sorriso e um olhar para o céu, em agradecimento. Talvez, ela seja um “anjo” que Deus colocou ali para que os humanos pratiquem a generosidade. Quem a vê como “coisa”, talvez entenda que, como qualquer objeto, “Dona Ivone” é, também, uma “coisa” que eles dominam, que lhes pertença, que existe para servir à comunidade. Quem a vê como pessoa, como ser humano, recebe, de graça, a luz de um “anjo de Deus”, nela contido pela “Graça Divina”. Ela tinha tudo para estar, como muitos, chateada, irada, de mau humor. Sim, com o seu salário cria duas netas, uma de uma filha que morreu e outra da filha que abandonou a criança na porta da sua casa. E mais, um filho adulto, paraplégico desde criança. A árvore quando é arrancada das suas raízes, ela morre. O peixe quando é retirado da água, também pode morrer. Por ser obra do “coração de Deus” e criado à Sua semelhança, o homem não morre igual ao restante da natureza. O homem “morre” quando se separa de Deus, sua origem. As pessoas são “conduzidas” e as “coisas” são dominadas. Em Genesis 10:8-12, “Ninrode” era tido como um “grande caçador”, o primeiro homem poderoso na terra. Ele “caçava” seres humanos e os tornavam “coisas”, escravos para serem comercializados na Babilônia. Os escravos eram seus domínios, suas posses. Ninrode foi o primeiro a “coisificar” o ser humano. Deus age na “terra” através daqueles que o “adoram”, daqueles que o “proclamam” e daqueles que sejam os seus “intercessores”, os guerreiros. Jesus apelidou Tiago e seu irmão João de “filhos do trovão”, por seus comportamentos intempestivos (em Lucas 9:54, eles pedem a Jesus para orar a Deus pedindo a destruição de uma vila Samaritana). A tríade João (o adorador), Pedro (o proclamador) e Tiago ( o guerreiro, o intercessor) formava a “equipe” da pregação do cristianismo, junto a Cristo. No mundo de hoje, nesse mundo de “Dona Ivone”, onde os “discípulos” de “Ninrode” assumem o controle dos governos de países inteiros e transformam povos em “coisas”, em números, códigos e estatísticas, somente o guerreiro “Tiago”, com seus defeitos e suas virtudes, pode enfrentar os maus com a sua coragem e interceder junto ao Pai, para salvar o seu povo da “escravidão” imposta pelos “Ninrodes”. SEJA BEM-VINDO, DE VOLTA AO SEU POVO, TIAGO!
Elias Do Brasil