Construído originalmente para as competições de judô nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, a arena Nippon Budokan mais uma vez receberá a modalidade que tentará mostrar a hegemonia do Japão. O favoritismo é inegável, mas será que o país consegue ganhar todos os ouros da disputa, a meta dos sonhos estipulada? A tarefa não será simples para os anfitriões que vão entrar em ação a partir das 23h (horário de Brasília) desta sexta-feira nesse palco histórico das artes marciais.
Em 1964, o Nippon Budokan foi idealizado justamente para receber a estreia do judô no programa olímpico. E desde então se tornou um templo sagrado das artes marciais (principalmente sumô) e também espaço para shows históricos na capital japonesa, como ABBA, Bob Dylan, Eric Clapton, Queen, Led Zeppelin e Beatles.
O telhado da edificação foi inspirado na silhueta do Monte Fuji e seu interior em formato de octógono buscou inspiração no Salão Yumedono, do templo budista Horyu-ji, conhecido como a construção de madeira mais antiga do mundo. Apesar de ter capacidade para 11 mil espectadores, nos Jogos Olímpicos de 2020 não receberá público – as disputas de caratê também serão realizadas ali.
Por toda essa simbologia do local, o Japão espera fazer história na modalidade nesta edição da Olimpíada em casa, mas sabe que todos os outros países estarão no tatame para atrapalhar esse sonho. Como referência, vale ressaltar que o judô é o único esporte em que os nipônicos lideram o quadro histórico de medalhas olímpicas. São 82 pódios, com 37 medalhas de ouro.
São 15 chances de medalhas de ouro, uma a mais que nos Jogos do Rio, em 2016, por causa da inclusão da disputa de equipe mista. Mas no Brasil o Japão subiu ao pódio 12 vezes, sendo três medalhas de ouro, uma de prata e 8 de bronze. “Acredito que o Japão deva manter a hegemonia no campeonato olímpico”, afirma o brasileiro Ney Wilson, diretor de alta performance da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
Ele lembra que a equipe do Japão, ainda mais por estar lutando em casa e considerando o nível dos atletas, não terá problema de adaptação ao fuso e deve mostrar sua força. “Mas acredito que não será a hegemonia que eles esperam. No Mundial de Judô, o resultado foi aquém do que eles esperavam”, comentou. “A gente consegue ver o quanto está diluído o quadro de medalhas e o quanto faz diferença uma medalha de ouro em relação às outras.”
Yuko Fujii, japonesa técnica da seleção brasileira masculina de judô, conhece bem os possível adversários dos atletas nacionais. E ela sabe que a pressão por um grande resultado em casa pode atrapalhar um pouco os orientais. “Fazer Olimpíada em casa sempre dá uma certa vantagem, mas ao mesmo tempo tem uma certa pressão. Não existe vitória fácil no judô, ainda mais na Olimpíada, então só na hora vamos saber”, avisa.
As primeiras disputas do judô começam nesta sexta, a partir das 23h (horário de Brasília). Vão representar o País no tatame da arena Nippon Budokan Gabriela Chibana (até 48 kg) e Eric Takabatake (até 60 kg). Nesta edição, as melhores chances estão nas categorias mais pesadas, com Mayra Aguiar, Maria Suelen Altheman e Rafael Silva, além da equipe mista.
*Estadão Conteúdo