A maior parte das operações especiais da Polícia Federal (PF) contra o tráfico de drogas deflagradas no ano passado visaram combater as duas principais facções criminosas do país: Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV).
Levantamento feito pelo Metrópoles a partir de dados da PF mostra que houve 335 operações especiais de combate ao tráfico de drogas em 2023; em 110 delas, foram identificadas as facções criminosas em investigação.
Operações especiais são aquelas em que há cumprimento de medida constritiva, como bloqueio de bens, prisão, busca e apreensão.
A facção paulista PCC aparece na liderança, como alvo de 35 operações. Na segunda posição, está a carioca Comando Vermelho, com 32 operações especiais, seguida pelas facções Terceiro Comando, do Rio de Janeiro; Sindicato, do Rio Grande do Norte; e Okaida, da Paraíba.
Crise no Acre
O estado com mais operações especiais da PF contra facções criminosas em 2023 foi o Acre, seguido pelo Amapá. Ambos estão entre os menos populosos do país e acabam sendo pouco notados, mas vivem uma realidade de crise na segurança pública.
Em julho do ano passado, uma rebelião de mais de 24 horas terminou com cinco detentos mortos no presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves, em Rio Branco, capital do Acre.
Um policial penal e um faxineiro chegaram a ser feitos reféns, mas foram liberados. Três dos mortos foram decapitados. A rebelião começou depois que presos do CV invadiram a ala de rivais das facções Bonde dos 13 (B13) e PCC.
A maior parte das operações da PF no Acre foram contra o Comando Vermelho, mas também houve operação contra o B13 e o Sindicato do Crime.
Amapá líder de homicídios
No caso do Amapá, o principal alvo da PF foi a facção carioca Terceiro Comando, que tem uma “filial” na região. O estado do Norte brasileiro tem a maior taxa de mortes violentas intencionais, índice que inclui números de homicídios, latrocínios e mortes por intervenção policial.
A taxa do Amapá foi de 50,6 mortes violentas a cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional, que é de 23,4 mortes a cada 100 mil. As taxas foram calculadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a partir de dados fornecidos pelos governos estaduais sobre o ano de 2022.
Ataques do Sindicato do Crime
Outro local que se destacou na quantidade de operações da Polícia Federal contra facções foi o Rio Grande do Norte, que tem uma facção própria, batizada de Sindicato do Crime.
O estado potiguar viveu uma onda de ataques, de autoria do Sindicato, em março do ano passado.
Criminosos realizaram atentados incendiários e atacaram bases da Polícia Militar na capital, Natal (RN), e em cidades do interior. As ordens para o ataque teriam partido de integrantes do sistema prisional do estado.
Foto: Reprodução/*Metrópoles