O motorista Valdir das Mercês Junior, de 28 anos, preso por atropelar e matar o subtenente da reserva do Corpo de Bombeiros Gilson Castro Silva, de 58 anos, na madrugada do dia 1º de janeiro, negou que tenha tido a intenção de passar por cima da vítima.
A declaração foi dada pelo condutor da linha 125 (Central x General Osório), em depoimento obtido pelo g1. A Polícia Civil afirma que ele mentiu aos policiais.
Valdir foi preso pela Polícia Militar e levado para a 12ª DP (Copacabana). A investigação analisou imagens e ouviu testemunhas, e conseguiu na Justiça a prisão temporária. Ele vai responder por homicídio doloso, quando há a intenção de matar.
O atropelamento ocorreu logo depois do réveillon, na Avenida Nossa Sra. de Copacabana, na altura da Praça do Lido, na Zona Sul do Rio.
O depoimento
Aos investigadores, Valdir informou que trabalha como o motorista de ônibus da empresa Nossa Senhora das Graças e que, por volta das 4h40, conduzia o ônibus da linha 125 (Central x General Osório) na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. No termo declaratório, o motorista disse que Gilson “apareceu na frente do veículo de repente e o declarante imediatamente freio e parou o veículo”, disse.
Ainda no depoimento, Valdir informou que “Gilson permaneceu aproximadamente um minuto na frente do veículo e em seguida caminhou para o lado esquerdo do ônibus em direção a calçada”, contou o motorista, que ele seguiu:
“Que olhou atentamente pelos retrovisores e quando teve certeza que Gilson não estava ao alcance veículo, acelerou o veículo lentamente e sentiu um peso na direção quando escutou populares solicitando que o declarante desse a marcha ré”.
Ainda de acordo com Valdir, ele teria dado marcha ré e “viu Gilson caído ao solo e que em seguida populares que estavam do lado de fora do veículo iniciaram apedrejamento, quebrando o ônibus e sentiu risco de morte devido a agressividade dos populares”.
No entanto, após algumas horas, a 12ª DP descobriu que Valdir das Mercês Junior havia mentido em depoimento.
“Num primeiro momento, ele prestou um esclarecimento falso ao narrar o que aconteceu na dinâmica do atropelamento. Nessa ocasião (do depoimento de Valdir), não haviam testemunhas e nem imagens que pudessem contradizer a versão dele. Mas, com avançar das investigações, localizamos três testemunhas e elas foram ouvidas. Além disso, analisamos várias imagens de câmeras de segurança e de pessoas que filmaram a ação. A partir daí, não ficou dúvidas sobre a conduta mentirosa dele e o dolo que ele assumiu”, disse o delegado André Leiras, titular da 12ª DP (Copacabana), ao g1.
Em menos de 24 horas a 12ª DP conseguiu elucidar o caso e pedir a prisão do motorista.
O mandado de prisão temporária foi expedido pela juíza Flávia Fernandes de Melo Balieiro Diniz, do Plantão Judiciário, a pedido do delegado André Leiras.
O motorista ficará preso por até 30 dias, até a conclusão da investigação.
Inicialmente, o caso foi registrado como homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar. Mas, as diligências, depoimentos de testemunhas e análises das imagens demonstraram, segundo a polícia, que o motorista agiu de forma intencional e assumiu o risco de matar o pedestre.
O Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus, informou que o motorista foi afastado de suas funções. “O profissional trabalhava no cargo desde 2017 e costumava rodar nesta mesma linha”, diz a nota.
*G1