PF quer acessar inquérito do MP sobre mortes com proxalutamida no AM

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A Polícia Federal quer acessar o inquérito do MP-AM (Ministério Público do Amazonas) que apura mortes decorrentes do estudo com o medicamento proxalutamida em pacientes com Covid-19 em Manaus em 2021. Segundo denúncia da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), 200 pessoas que participaram do estudo no Amazonas morreram.

Em ofício enviado ao procurador-geral de Justiça do Amazonas, Alberto Nascimento Júnior, no último dia 26 de julho, o delegado Thiago Monteiro, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, pediu cópia integral dos autos do caderno investigativo que apura as mortes decorrentes da realização da pesquisa. 

O ensaio clínico foi realizado com pacientes de uma rede particular de hospitais de Manaus, sob a liderança do endocrinologista Flávio Cadegiani. A Conep afirmou que houve “alto índice de Eventos Adversos Graves (EAG), grau 5, com desfecho de óbitos, evidenciados em extensa lista de eventos apresentada a Conep”.

O caso foi denunciado pelo Conep à PGR (Procuradoria-Geral da República) em setembro de 2021. No relatório, a comissão afirmou que identificou uma série de irregularidades no estudo e concluiu que os responsáveis desrespeitaram quase todo o protocolo de pesquisa, aprovado pelo órgão em 27 de janeiro daquele ano.

A Conep informou que deu parecer favorável para que a pesquisa fosse realizada com 294 voluntários, em Brasília. No entanto, conforme o CNS (Conselho Nacional de Saúde), Flávio Cadegiani começou a aplicá-lo sem autorização no Amazonas, em fevereiro, e depois pediu para estender a pesquisa a Manaus, Parintins, Itacoatiara, Coari, Manacapuru, Maués e Manicoré.

Além disso, ainda conforme o Conep, o pesquisador ampliou o número de voluntários para 588 e, ao final, entregou um parecer com resultados de 645 pessoas, ou seja, 351 pessoas a mais do que o autorizado. Também entregou atas de apenas três dos nove centros de referência do Amazonas para os quais havia pedido autorização.

O perfil dos voluntários mortos também era incompatível com o perfil clínico dos pacientes registrados na pesquisa. A proxalutamida deveria ter sido administrada em pacientes leves e moderados de Covid, mas os resultados indicaram que os óbitos foram atribuídos a insuficiência renal ou hepática, características de pacientes muito graves.

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) considerou a denúncia uma violação aos direitos humanos e uma das infrações éticas mais graves e sérias da história da América Latina. A Rede Latino-Americana e Caribenha de Bioética (Redbioética-Unesco) condenou a mudança no protocolo. “É ética e legalmente repreensível”, disse a entidade.

Foto: Altemar Alcantara/Semcom

*Amazonas Atual

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